Porto do Rio de Janeiro, Praça XV de Novembro, 1918
Arthur Timótheo da Costa (Brasil, 1882-1923)
óleo sobre tela
Porto do Rio de Janeiro, Praça XV de Novembro, 1918
Arthur Timótheo da Costa (Brasil, 1882-1923)
óleo sobre tela
Wilson W. Rodrigues
Cadê o pé de cantiga
que quando criança cantei?
Nem minha gente se lembra
e nem na saudade achei.
Que sabe o verso perdido?
Por que ninguém o guardou?
Onde leva a nossa vida
que o verso bom não levou?
Quem me recorda sua rima?
Quem minha lembrança traz,
para cantar a cantiga
de que não me lembro mais?
Nem me responde a alegria
Nem a tristeza responde.
Cadê o pé de cantiga
onde vou encontrá-lo? Onde?
Em: Bahia Flor: poemas, Rio de Janeiro, Editora Publicitan: 1949.p. 19.
Armando Romanelli (Brasil, 1945)
óleo sobre tela, 60 x 60 cm
Wilson W. Rodrigues
Tão longe, tão longe,
nas ondas do mar,
nos véus da neblina,
no vento a cantar,
na areia doirada
do fundo das águas
eu ouço Iemanjá…
Nem velas, nem brumas
vêm onde ela está,
nem sonho de amante
um dia virá…
Tão longe, tão longe
amada longínqua,
fantasma do mar.
Tão longe as rosas
que vão-se afogar,
levando a tristeza
que não sei matar,
por essa lonjura
que a vida separa
de minha Iemanjá…
Tão longe, tão longe,
minha alma a cantar,
há muito já foi,
pro fundo do mar,
sofrer do mistério
da amada distante,
ó doce Iemanjá!…
Em: Bahia Flor: poemas, de Wilson W Rodrigues, Rio de Janeiro, Editora Publicitan: 1948, p.35-36.
O parafuso anda cheio,
pois tem o corpo enrolado,
cabeça partida ao meio,
e vive sendo apertado.
(Izo Goldman)
–
–
José Marques Campão (Brasil, 1892-1949)
óleo sobre madeira, 17 x 24 cm
–
–
Bernardino Lopes
–
Amanhecera. O tropeiro
Passa, cantando na estrada;
No seu casebre o roceiro
Prepara as foices e a enxada.
–
Ao rumor a luz casada
Enche de vida o terreiro;
Parecem bruma cerrada
As flores, lá! do espinheiro…
–
Aspira-se o olor suave
Do bom café… Alto e grave
Bate o pilão nas cozinhas.
–
Há junto à horta uns barrancos
Onde a mulher de tamancos,
Distribui milho às galinhas.
–
Em: Cromos, 1881
Que chapéu extravagante
dessa madame travessa!
Virou moda de elegante
– por chapéu sem ter cabeça!
(Eva Reis)