
Miranda, de A Tempestade, 1916
John William Waterhouse (GB, 1849 – 1917)
óleo sobre tela, 100 x 137 cm
Coleção Particular
Tempestades
Luís Pimentel
P/ Ferreira Gullar
Nada restará depois das águas.
São assim as tempestades
que vêm quando menos se espera
ou quando mais se procura.
Nada sobrará desses barulhos
de raios, fogo e trovões aflitos,
corações aos gritos, a treva lá fora.
Nada restará deste silêncio,
além do pingo choroso na torneira.
Pouco a se fazer depois dos tombos:
desentupir os ralos, enterrar os mortos,
secar os panos e fechar as janelas.
Por fim seguir aos trancos e trancos,
até a queda do próximo barranco
— sem contornos, sem encostas.
Em: As miudezas da velha (e outros poemas miúdos), Luís Pimentel, Rio de Janeiro, Myrrha: 2003, 2ª edição, página 48. [Prêmio Jorge de Lima de Poesia, da União Brasileira de Escritores]
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