Leão, poesia infantil de Vinícius de Moraes

2 10 2014

 

 

LEAOCartão Postal.

 

Leão

 

Vinícius de Moraes

 

 

Leão! Leão! Leão!
Rugindo como um trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!

.

Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda

.

Leão longe, leão perto
Nas areias do deserto
Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!

.

Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não?
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!

.

O salto do tigre é rápido
Como o raio, mas não há
Tigre no mundo que escapa
Do salto que o leão dá
Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte
Pois bem, se ele vê o leão
Foge como um furacão
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não?

.

Leão se esgueirando à espera
Da passagem de outra fera…
Vem um tigre, como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranqüilo
O leão fica olhando aquilo
Quando se cansam, o Leão
Mata um com cada mão
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não?

 

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Em: A arca de Noé:poemas infantis, Vinícius de Moraes, Companhia das Letrinhas, São Paulo:1991





Imagem de leitura — Madeleine Jeanne Lemaire

25 05 2014

 

 

 

Madeleine Jeanne Lemaire (1845 – 1928, French)girl-with-dogMenina com cachorro

Madeleine Jeanne Lemaire (França, 1845-1928)

óleo sobre tela





O trenzinho, poesia infantil de João de Deus Souto Filho

8 03 2012

Trenzinho, ilustração de Dean Bryant.

O trenzinho  

João de Deus Souto Filho

O trenzinho piui
Apita aqui e ali
Levando gente
Levando carga
Levando graça
Pro meio da praça


O trenzinho piui
Apita aqui
E apita ali
Piui, piui,
Piuipiriripipi!!!

Em: Jornal de Poesia

João de Deus Souto Filho, Geólogo e educador. Nasceu em 1957 na cidade de Carolina, MA.  É formado em Geologia pela Universidade Federal da Bahia, pós-graduado em Geo-Engenharia de Reservatórios de Petróleo pela UNICAMP (1994), Formado em Letras (Licenciatura) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1999). Desenvolve trabalho sobre a importância da formação de uma consciência de preservação dos recursos hídricos.

Obras infantis:

O quintal do Seu Nicolau, 1992

O aprendiz de jardineiro, teatro, 1992

O passeio da Cinderela, teatro, 1992

Brincadeira de palavras, inédito

Na ponta da pena, inédito.





Pássaro livre, poesia infantil de Sidónio Muralha

7 02 2012

Pássaro livre 

Sidónio Muralha

Gaiola aberta.

Aberta a janela.

O pássaro desperta.

A vida é bela.

A vida é boa.

Voa, pássaro, voa.

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Em:  A dança dos picapaus, Sidonio Muralha, Nórdica: 1985, Rio de Janeiro.

Sidónio Muralha nasceu em Lisboa, em 1920.  Faleceu no Brasil em 1982.





Quadrinha infantil sobre o sorriso

3 09 2011

“Muito riso e pouco sizo”,

diz-nos o velho ditado.

Mas eu digo que um sorriso

sempre dá bom resultado…

(Lucina Long)

 





Quadrinha infantil do passarinho

4 07 2011
Cartão postal, 1907, ilustração assinada pelas iniciais JLS.

Não te invejo, ave que voas

tão livre no firmamento!

Vou também aonde quero

nas asas do pensamento!

(A. Coelho Neto)





Quadrinha pelo Dia das Mães

4 05 2011

Ilustração, Walter Crane.

Se Deus atendesse, um dia,

minha prece ingênua e doce,

quem fosse mãe não morria,

por mais velhinha que fosse.

(Archimino Lapagesse)





O Rei mandou me chamar — poesia infantil, folclore brasileiro, anônima

18 02 2011
Rei de Ouros, Baralho Espanhol.

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O  Rei mandou me chamar

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                                 Anônimo

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O Rei mandou me chamar,

pra casar com sua filha.

Só de dote ele me dava,

Europa, França e Bahia.

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Me lembrei do meu ranchinho,

da roça, do meu feijão.

O Rei mandou me chamar.

Ó seu Rei, não quero não.

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Folclore brasileiro, canto negro do Recôncavo Baiano.

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Vejam o vídeo  do  Iº Encontro de Coros Camargo Guarnieri – Coral Juvenil EMMSP – Teatro Municipal de São Paulo Maestrina: Mara Campos.

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História de uma pamonha, poesia infantil de Ofélia e Narbal Fontes

15 02 2011
Ilustração Renata Morais, do blog Aquarela em Cores  — http://aquarelaemcores.blogspot.com

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História de uma pamonha

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Ofélia e Narbal Fontes

Era um ovinho dourado,

Que um dia foi enterrado.

Na terra, ele inchou, inchou,

E em dez dias rebentou.

Não pensem que ele morreu;

Sua casquinha rompeu,

Mas, em vez de um pintinho

Surgiu um broto verdinho.

O broto tanto espichou

Que em planta se transformou

Com folhas muito alongadas

e cortantes como espada;

E tinha, prá se aguentar,

Raiz no chão e no ar.

Depois que a chuva caiu,

Um pendão de flor abriu.

E, um pouquinho mais abaixo,

Uma boneca de cacho…

Um boneca engraçada,

Cabeludinha e barbada.

Mas, assim que ela cresceu,

Chegou alguém e a colheu,

Despiu toda pobrezinha

E ralou-a na cozinha,

E o sangue dourado dela

Pôs, com água, na panela.

Mexeu com colher de pau

E transformou-se em mingau.

Pôs-lhe açúcar, temperou

E no fogo a cozinhou.

E, por fim, deu-lhe uma mortalha

No vestidinho de palha.

A boneca transformou-se

No mais delicioso doce.

Mas agora tem vergonha

De ser chamada pamonha.

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Esta poesia é contribuição do leitor Robson Leite.  Sua lembrança dessa poesia  — que ele decorou quando era aluno do curso fundamental —   contribui ainda mais para o sucesso desse blog.  Muito obrigada, Robson!

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Ofélia e Narbal Fontes, casal de educadores brasileiros, paulistas, que escreveram livros em conjunto, na sua maioria didáticos.  Ofélia de Avelar Barros Fontes (SP 1902 –1986) poeta, biógrafa, autora didática, tradutora, romancista, teatróloga, professora, radialista; Narbal de Marsillac Fontes (SP 1899– RJ 1960) Poeta, biógrafo, cronista, teatrólogo, professor, jornalista, diplomado em medicina (1930), médico.

Livros:

No Reino do Pau-Brasil – Crônicas humorísticas (1933)

Senhor Menino – Poesias –

Regina, A Rosa de Maio

Romance de São Paulo – Romance — (1954)

Rui, O Maior – Biografia Rui Barbosa

Precisa-se de Um Rei — Literatura infanto-juvenil

Anhangüera, o gigante de botas – Literatura infanto-juvenil, (1956)

Coração de Onça – Literatura infanto-juvenil

O Talismã de Vidro — Literatura infanto-juvenil

Heróis da comunidade Mundial — biografias

A Gigantinha

A Espingarda de Ouro

Aventuras de Um Coco da Bahia

Esopo, O Contador de Estórias

Novas Estórias de Esopo

A Falsa Estória Maravilhosa

Espírito do Sol — Literatura infanto-juvenil

O Micróbio Donaldo  — Saúde e higiene — paradidático — (1949)

História do Bebê — Saúde e higiene — para didático

Ler, Escrever e Contar

Ilha do Sol

Segredos das mágicas — Literatura infantil

Brasileirinho – Música (1942)

Companheiros: história de uma cooperativa escolar (1941)

Pindorama

O Menino dos Olhos Luminosos

A Boa Semente

A Vida de Santos Dumont – Biografia Santos Dumont — (1935)

O Bicho “Sete-Ciências”  — Literatura infanto-juvenil

O Gênio do Bem —

Cem Noites Tapuias – Literatura infanto-juvenil

Ascensão – Poesia – (1961)

Um Reino sem mulheres – Biografia: Villegagnon

O leão obediente — (1915)

Libretto de La Traviata — Música — (1940)





As quatro operações: DIVISÃO, poesia infantil de Bastos Tigre

9 10 2010

Divisão

—                                   Bastos Tigre

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Operação que tem arte

É por certo a Divisão

Ela é que parte e reparte

Com justiça e retidão.

Dividendo, divisor,

Quociente e resto também.

Mas se a conta exata for,

Direi que resto não tem.

Se o divisor for maior

Do que o dividendo, então,

(A regra sei eu de cor)

O quociente é fração.

Se Deus e os homens amais

Dividi,  fazendo o bem:

Dá o que tendes demais

Aqueles que nada têm.

Em: Antologia Poética, vol. I, Rio de Janeiro, Ed. Francisco Alves: 1982