CORAÇÃOZINHO, poesia de Henriqueta Lisboa para o Dia dos Pais

7 08 2009

paiê

 

Ilustração Maurício de Sousa.

Coraçãozinho

Henriqueta Lisboa

Coraçãozinho que bate

tic-tic

Reloginho de Papai

tic-tac

Vamos fazer uma troca

tic-tic-tic-tac

Relógio fica comigo

tic-tic

dou coração a Papai

tic-tic-tac.

 henriqueta lisboa

 

Henriqueta Lisboa (MG 1901- MG 1985), poeta mineira.  Escritora, ensaísta,  tradutora professora de literatura,  Com Enternecimento (1929), recebeu o Prêmio Olavo Bilac de Poesia da Academia Brasileira de Letras.  Em 1984, recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra.

Obras:

Fogo-fátuo (1925)

Enternecimento (1929)

Velário (1936)

Prisioneira da noite (1941)

O menino poeta (1943)

A face lívida (1945) — à memória de Mário de Andrade, falecido nesse ano

Flor da morte (1949)

Madrinha Lua (1952)

Azul profundo (1955);

Lírica (1958)

Montanha viva (1959)

Além da imagem (1963)

Nova Lírica ((1971)

Belo Horizonte bem querer (1972)

O alvo humano (1973)

Reverberações (1976)

Miradouro e outros poemas (1976)

Celebração dos elementos: água, ar, fogo, terra (1977)

Pousada do ser (1982)

Poesia Geral (1985), reunião de poemas selecionados pela autora do conjunto de toda a obra, publicada uma semana após o seu falecimento





DIA DOS PAIS — poesia de Giuseppe Artidoro Ghiaroni

6 08 2009

pai e filho

DIA DOS PAIS 

Giuseppe Artidoro Ghiaroni

Meu pai está tão velhinho,

tem a mão branca e comprida,

parecendo a sua vida,

longa vida que se esvai.

E eu o lembro quando moço

de uma atlética altivez.

Ah! Tinha força por três!

Você se lembra, papai?

Menino, ouvia dizer

que você era um gigante.

Eu ficava radiante

e também me agigantava.

Porque toda madrugada,

eu quentinho do agasalho,

ao sair para o trabalho

o gigante me beijava.

Sua grande mão de ferro

parecia leve, leve

naquela carícia breve

que da memória não sai.

Depois… um beijo em mamãe

e o meu gigante partia.

E a casa toda tremia

com os passos de papai.

Mas agora o seu retrato

muito moço, muito antigo,

se parece mais comigo

do que mesmo com você.

Você já lembra vovô

e, à medida que envelhece,

papai, você se parece

com mamãe, não sei por quê.

Você se lembra, papai?

Quando mamãe, de repente,

caiu de cama, doente,

era o pai quem cozinhava.

Tão grande e desajeitado

a varrer… Quando eu o via

de avental, papai, eu ria;

eu ria e mamãe chorava.

Eu quis deixar o ginásio

para ganhar ordenado,

ajudar meu pai cansado,

mas tal não aconteceu.

Papai disse estas palavras:

Sou um operário obscuro,

mas você terá futuro,

será melhor do que eu.

Eu? Melhor que este velhinho

a quem devo o pão e o estudo?

Que é pobre porque deu tudo

à Família, à Pátria, à Fé?

Meu pai, com todo o diploma,

com toda a universidade,

quisera eu ser a metade

daquilo que você é.

E quero que você saiba

que, entre amigos, conversando,

meu assunto vai girando

e no seu nome recai.

Da sua força, coragem,

bondade eu conto uma história.

Todos vêem que a minha glória

é ser filho de meu pai.

“Um dia eu fui tomar banho

no rio que estava cheio.

Quando a correnteza veio,

vi a morte aparecer.

Papai saltou dentro d’água

nadando mais do que um peixe,

salvou-me e disse:_ Não deixe!

Não deixe mamãe saber!”.

Assim foi meu pai, o forte

que respeitava a fraqueza.

Nunca humilhou a pobreza,

nunca a riqueza o humilhou.

Estava bem com os homens

e com Deus estava bem.

Nunca fez mal a ninguém

e o que sofreu perdoou.

Perdoa então se lhe falo

Daquilo que não se esquece.

E a minha voz estremece

e há uma lágrima que cai.

Hoje sou eu o gigante

e você é pequenino.

Hoje sou eu que me inclino.

Papai… a bênção, papai.

Giuseppe Artidoro Ghiaroni – Nasceu em Paraíba Do Sul, (RJ), no dia 22 de fevereiro de 1919. Jornalista, poeta, redator e tradutor;  Depois de ter sido ferreiro, “office-boy” e caixeiro, passou a redator do “Suplemento juvenil ” iniciando-se assim no jornalismo de onde passou para o Rádio distinguindo-se como cronista e novelista.  Faleceu em 2008 aos 89 anos.

Obras:

O Dia da Existência, 1941

A Graça de Deus, 1945

Canção do Vagabundo, 1948

A Máquina de Escrever, 1997





O lobo e o cão, fábula de Esopo, recontada por Olavo Bilac e ilustrada por diversos artistas

1 08 2009

 

 Hoje, selecionei uma fábula de Esopo, recontada por La Fontaine entre outros.  Aqui, em versos magistrais de Olavo Bilac.  Por ser uma fábula popular, tenho muitas ilustrações, através dos séculos, que se referem diretamente a ela.   Coloquei algumas por entre o texto de Bilac.   No entanto, tenho ainda algumas outras ilustrações.  Para não corromper o texto completamente, [mais do que já o fiz] vou colocar outras ilustrações separadas, no final assim como repetir o texto original de Olavo Bilac. 

 

dog and wolf

Ilustração Harrison Weir (Inglaterra 1824-1906).

 

O lobo e o cão

 

                                  Olavo Bilac

 

 

Encontraram-se na estrada

um cão e um lobo.  E este disse:

— Que sorte amaldiçoada!

Feliz seria, se um dia

como te vejo me visse.

 

dog & wolf Eleanor Grosch

Ilustração Eleanor Grosch (EUA, contemporânea).

 

Andas gordo e bem tratado,

vendes saúde e alegria;

ando triste e arrepiado,

sem ter onde cair morto!

 

loup-chien-esope, moyen age

O cão e o lobo, ilustração em manuscrito francês, Idade Média.

 

 

Gozas de todo conforto,

e estás cada vez mais moço;

e eu, para matar fome,

nem acho às vezes um osso!

 

DOG AND WOLF BENNET

Ilustração Charles H Bennet (Inglaterra, 1829-1867).

 

 

Esta vida me consome…

Dize-me tu, companheiro:

onde achas tanto dinheiro?

Disse-lhe o cão: — Lobo amigo!

Serás feliz, se quiseres

Deixar tudo e vir comigo:

vives assim porque queres…

 

dog & wolf

 Ilustração, André Quellier (França, 1925)

 

Terás comida à vontade,

terás afeto e carinho,

mimos e felicidade,

na boa casa em que vivo!

Foram-se os dois.  Em caminho,

disse o lobo, interessado:

— Que diabo é isto?  Por que motivo

tens o pescoço esfolado?

 

dog and wolf,george fairpont

Ilustração Georges Fraipont (França, 1873-1912).

 

— É que às vezes amarrado

Me deixam durante o dia…

— Amarrado?  Adeus, amigo!

(disse o lobo) Não te sigo!

Muito bem me parecia

Que era demais a riqueza…

 

loupetchien, henri morin

Ilustração Henry Morin (França, 1873-1961).

 

Adeus!  Inveja não sinto:

quero viver como vivo!

Deixa-me com a pobreza!

Antes livre, mas faminto,

Do que gordo, mas cativo!

 

 

 

 

Seguem ilustrações: Continue lendo »





Bandeja de madeira, de Ladyce West

27 07 2009

 

 

bandeja de madeira, turística, marqueteria

Ontem à noite Gisela, minha prima e amiga, lembrou-me deste poema que publiquei em 2007.  Numa conversa familiar decidimos que eu  iria re-colocá-lo na web, apesar de já ter aparecido no meu antigo blog:  A Meia Voz.  Agradeço aos fãs da peripécia aqui revelada.

 

 

Bandeja de madeira

 

Ladyce West

 

 

Comprei uma bandeja de madeira,

No mercado de usados da cidade.

O preço alto, verdadeiro assalto,

Testava a minha vontade…

Invocada reclamei:

“Preço muito apimentado!”

O feirante desfiou, então,

A ladainha da ocasião:

Uma cascata de palavras

E de muitas abobrinhas.

Listadas de um modo simples,

Em fileira memorizada,

Uma tabuada de dados,

Sem nexo e sem sentido,

Qual jovem guia turístico

Treinado para repetir,

Sem nenhuma compreensão,

História de monumentos,

Batalhas, guerra ou ação.

Um rol de características,

Uma lista de preciosismos,

Que turistas escutam em vão.

No caso do comerciante,

Era manobra astuta,

Artimanha obstrucionista,

Inspirada na política

Do partido oposicionista,

Com intenção de impedir

Barganhas, regateio, pechincha.

Mas não me dei por vencida

E esbocei, na medida,

Uma ensaiada choradeira

De compradora matreira,

Desconfiada confessa.

Mas para meu desagrado,

A manobra desta vez

Não deu nenhum resultado.

E o vendedor perturbado,

Não se fazendo de rogado,

Disse em português claro:

O preço é este e está acabado!

Era esperteza, eu sabia.

Manha de ressabiado

Recalque de gato escaldado.

Experiente e esperta,

Também lhe disse umas tantas,

Questionei ainda uma vez

Os dados da tal bandeja

Que sabia muito bem

Não ser uma antiguidade.

“Mas minha senhora veja,

Já não se faz trabalho

Detalhado como este.

Marqueteria finíssima,

Olhe a delicadeza

Deste desenho aqui em cima!”

Mantive meu ar incrédulo

De pessoa que conhece:

Reclamei do acabamento,

Das alças, das bordas, do centro,

Do verniz barato – opaco.

“Não sou caloteiro!

Nem tampouco pirateio.

A Sra. pode confirmar

Nos antiquários da cidade!

Vai ver que é coisa boa,

Que tem uma certa idade!”

Pus-me a andar, dando o fora,

No velho ardil de negócios

Fazendo-lhe acreditar

Que era fácil ir embora.

Ele veio correndo atrás,

É vintage, minha senhora,

É vintage, repetia!

Como se a palavra,

A denominação,

A expressão estrangeira,

Respondesse às perguntas

Corriqueiras que lhe fiz.

Mas parei.  E voltei.

Queria muito a bandeja

Rica em marqueteria.

“Não pode ser”, eu dizia,

“Eu me lembro dessas bandejas,

Dessas lembranças para turistas,

Vendidas nas barraquinhas

Da Quinta da Boa Vista…”

De súbito ele parou.

De cima abaixo me olhou.

E puxando lá do fundo

De sua sabedoria, perguntou:

“– Mas quantos anos a senhora tem?”

Num breve momento de pausa,

Disse para mim mesma:

“Que história!  Traída pela memória!”

Olhei para a bandeja de novo

E ainda uma vez mais…

E paguei.

 

 

© Ladyce West, 2007,  Rio de Janeiro





Estória, poema de Martins d’ Alvarez — [para o dia da vovó]

26 07 2009

 vovó conta histórias

 

 

Estória

 

( para pequenos e grandes)

 

                                        Martins d’ Alvarez

 

 

À sombra do tamarindo,

vovozinha, bem sentada,

vai de alfinetes cobrindo

o papelão da almofada.

 

O neto deixa o brinquedo,

chega-se de alma curiosa,

nos bilros buscando o enredo

da renda maravilhosa.

 

Sutil, entre dois extremos,

uma conversa se agita:

— Vovó, como é que aprendemos

Fazer renda, assim, bonita?

 

— Ora, benzinho, aprendendo…

Aprendendo devagar…

Até acabar sabendo,

até um dia acertar.

 

— Pois me ensine, vovozinha!

Garanto que hei de aprender.

— Ensinarei, calunguinha,

quando aprenderes a ler.

 

— Mas vovó não disse, um dia,

que vovozinho morreu

pelo muito que sabia…

Por que demais aprendeu?

 

— Morreu porque foi ferido

No amor próprio, meu bebê!

— Então, o vovô querido

não só amava a você?

 

Vovó fez cara de chiste,

mas, sua fronte pendeu…

Soltou um suspiro triste,

quedou-se … e não respondeu!

 

(Fortaleza, Ceará, 1932)

 

Em: Poesia do cotidiano, Fortaleza, Ceará, Editora Clã: 1977

 

 

 

José Martins D’Alvarez   (CE 1904)  Poeta, romancista, jornalista, diplomado em Farmacia e Odontologia, professor, membro da Academia Cearense de Letras. Nasceu na cidade de Barbalha, Estado do Ceara, em 14 de setembro de 1904.  Filho de Antonio Martins de Jesus a de Antonia Leite da Cruz Martins. Fez os estudos primários na sua cidade natal, os secundários, no Liceu do Ceará.  Depois de formado em Odontologia. Transferiu em 1938 sua residência para o Rio de Janeiro, onde exerceu, além de atividades na imprensa, atividades no magistério superior.

 

 

 

Obras:

 

“Choro verde: a ronda das horas verdes”, 1930, poesia

“Quarta-feira de cinzas”, 1932, novela

 “Vitral”, 1934, poesia

“Morro do moinho” 1937, romance

“O Norte Canta”, 1941,  poesia popular

“No Mundo da Lua”, 1942, poesia para crianças

“Chama infinita, 1949,  poesia

“O nordeste que o sul não conhece 1953, ensaio

“Ritmos e legendas” 1959, poesias escolhidas

“Roteiro sentimental: geopolítica do Brasil” 1967, poesias escolhidas

“Poesia do cotidiano”, 1977, poesia





Imagem de leitura — Gerard Dou

26 07 2009

gerard dou

Velha senhora lendo, (Retrato da Mãe de Rembrandt), 1630

Gerard Dou ( 1613-1675)

Óleo sobre madeira 71 x 55,5 cm

Museu Rijksmuseum, Amsterdã

 

 

Gerard Dou —  Filho de um gravador e pintor em vidro, Gerard Dou começou sua vida de artista plástico pintando sobre vidro.  Em 1628 começou a estudar com Rembrandt, onde aprendeu a arte dos contrastes de luz, a arte do claro-escuro.   Sua especialidade acabou sendo as cenas iluminadas a luz de vela que o fizeram bastante popular  na Holanda do século XVII.    Pintou principalmente pintura de gênero, em que pessoas são retratadas no seu ambiente do dia a dia.  Ficou conhecido pela meticulosa maneira de pintar, pela acurada precisão da representação de texturas diversas.  Gozou de uma excelente reputação internacional e diversos monarcas europeus colecionaram seus trabalhos.  Morreu em Leiden, onde nasceu, e de onde nunca se sentiu tentado a sair.





Tesouros

23 07 2009

Tesouro, willy pogany, Tisza Tales

Tesouro encontrado, ilustração de Willy Pogány para os Contos Tisza, publicados em 1928.

 

A grande vantagem desta mudança ( e eu prometo parar de falar nela) foi a descoberta de pequenos tesouros que irei aos poucos colocando aqui no blog.  Quadrinhas esquecidas, observações guardadas em livros que estavam na estante mais alta e por isso mesmo quase nunca manuseados…  Enfim, um verdadeiro tesouro de imagens e textos com os quais nos deliciaremos assim como a lembrança que tive hoje desta imagem do grande ilustrador amricano Willy Pogány. 

 

Willy Pogány (1882-1955) grande  ilustrador americano, nascido na Hungria.  Ilustrou tanto livros infantis como de adultos.  Fez capas das mais famosas revistas e assim como a série de ilustrações para o sabonete Palmolive.  Mas ficou famoso precisamente pela ilustração de contos folclóricos, irlandeses, das mil e uma noites e muitos outros.





Meus hábitos de leitura

8 07 2009

bookshelf 1

 

Bem no meio da semana de mudança de um apto para outro, arranjei de ficar gripada.  Então, com febre e sem energia para nada, está difícil entrar com algo interessante no blog.  Resolvi postar algo que preparei há algum tempo,  seguindo  o exemplo de Cadê o Revisor, das Carambolas Azuis, das Laranjinhas, de Pelvini e muitos outros, listando meus hábitos de leitura, ou melhor ainda, o meu relacionamento com o mundo dos livros.

 

Karen Cooper, (EUA)Amantes dispuestos, acrst, 50x75cm

Amantes Dispuestos, s/d

Karen Cooper (EUA- contemporânea)

Acrílica sobre tela,  50 x 75 cm

 

♦ Leio tudo.  Se tiver letras eu leio: anúncio nos outdoors, tabuleta de FRETE, etc  Quando morei na Argélia a maior dificuldade foi não conseguir ler nem os nomes das ruas, pois não tenho a menor idéia sobre o alfabeto árabe.  

♦ Comecei a ler antes de entrar na escola.

♦ Meus pais liam.  Ambos.  Eu imitava.

♦ Desde de criança que tive uma estante para os meus livros.

Sempre dou livros para as pessoas.  Até para aqueles que sei não terem o hábito de ler. Procuro algo que possa seduzir a pessoa, por exemplo, um fã de futebol: crônicas sobre o Flamengo de Nelson Rodrigues.

♦ Nunca ponho dedicatória no livro, mas num cartão acompanhando.

♦ Sou capaz de rir às gargalhadas ou de chorar lendo um livro em qualquer lugar que eu esteja.

♦ Não caio no sono sem ler.

♦ São raros os livros que releio.

 

Diana Ong

Leitora, s/d

Diana Ong ( EUA, 1940)

Gravura

 

♦ Sempre quero saber o que outros na rua, no metrô ou no ônibus estão lendo.

♦ Leio em qualquer transporte público.  

♦ Às vezes, compro livro pelas capas.

♦ Empresto livros com bastante facilidade, principalmente romances.  Não sou ciumenta dos meus livros.  Tenho prazer em saber que o meu livro pode estar dando prazer a outro.  Quanto mais gente ler o meu livro mais feliz eu fico.

♦ Incentivo a leitura naqueles que as vezes não lêem por falta de dinheiro: empresto pro porteiro, pro taxista, pra faxineira. 

♦ Quando adolescente gastava boa parte da minha mesada em livros, em sebos.

♦ Não escrevo a lápis nos meus livros.  Tomo notas num caderninho especial.

♦ Marco passagens interessantes com tirinhas de papel.  Se quando eu terminar o livro elas ainda forem interessantes, passo para um caderno com passagens interessantes.  Há dois anos este caderno não existe, é uma pasta no meu computador.

♦ Já tive um ex-libris.  Hoje acho isso uma interferência…

♦ Tenho livros em todos os cômodos da casa, exceto a cozinha.  Mas tenho uma biblioteca de livros de cozinha no quarto de empregada.

♦ Sou conhecida por colocar livros em ordem nas livrarias, colocar de volta nas prateleiras livros que pessoas deixaram nas mesas.   

Joesph_Alleman, reading

O companheiro, 2001

Joseph Alleman (EUA)

Aquarela,  75 x 55 cm

 

 

♦ Prefiro o silêncio quando leio.  Mas uma música instrumental baixinho às vezes pode rolar.

♦ Tenho pilhas de  livros no meu quarto.  São as próximas leituras.

♦ Tenho um bloquinho com a classificação de 1 a 5 estrelas dos livros lidos.

♦ Não empresto livros de referência.  Entre eles estão dicionários, é claro, os clássicos,  livros de historia, nem livros de arte. 

♦ Já escrevi um livro que nunca foi publicado. 

♦ Leio jornal todo dia. 

♦ Sempre leio o resumo da contra-capa.

♦ Pertenço a um grupo de leitura há mais de cinco anos, somos 12 mulheres, juntas já lemos mais de 65 livros.

♦ Leio no mínimo de 4 a 6 livros por mês.

♦ Leio alguns  jornais estrangeiros todos os dias na internet, dou preferência aos ingleses.

♦ Leio algumas revistas digitais, umas duas vezes por semana.

♦ Todos os dias leio a BBC e a Reuters digitais.

 

reading-comics

 

♦ Acho que irei me adaptar aos livros digitais, apesar de não ter no momento nenhum kindle ou semelhante.  Mas leio com facilidade no computador.

♦ Acho que não me adaptarei a ler um livro no celular.

♦ Não gostei do livro, deixo de lado.  Há muitos outros e certamente não viverei anos suficientes na minha vida para ler todos.

♦ Não escrevo resenhas de livros de que não gosto.  

♦ Numa livraria, antes de comprar, se tenho dúvidas se devo ou não investir num livro ou autor desconhecido, leio a primeira página.  Se dá vontade de continuar, compro.

♦ Leio fluentemente em 3 línguas.  E leio sempre um livro em cada uma dessas línguas regularmente, para não perder o hábito com a língua.

♦ Quando viajo tento levar livros sobre aquele lugar que algum autor já publicou e comparo as minhas impressões com as dele.  Isso foi de grande efeito quando passeei algum tempo na Espanha, lendo Ibéria de James Michener.

♦ Não coleciono autógrafos.  Nem de autores de que gosto.  Não sou dada ao culto de celebridades, quaisquer que elas sejam. 

 

 

sketch252-788859

 

♦ Já li autoajuda.

♦ Já li livros para melhorar a administração de carreira.

♦ Compro mais livros do que leio, porque gosto de saber que estão em meu poder e posso vir a lê-los a qualquer momento.

♦ Leio livros emprestados também.

♦ Leio livros de sebo assim como novos.  

♦ Desde que saí da casa de meus pais, para ter o meu próprio canto, tenho uma área da casa dedicada a livros.

♦ Conheci meu marido numa biblioteca.

♦ Gosto de visitar bibliotecas, mesmo quando sou turista.  

♦ Eu e as bibliotecas somos amigas do peito: sou produto de uma biblioteca municipal, no Rio de Janeiro, da biblioteca da escola pública que freqüentei, da biblioteca do Colégio Pedro II e por aí afora.  

♦ Leio livros de história, acadêmicos, como se fossem romances.

♦ Na internet sou bastante aventureira e passeio por portais de livrarias em alemão, em holandês, sueco, etc.  Acabo aprendendo um pouco.  É divertidíssimo.

♦ Minha biblioteca é um tanto bagunçada e segue uma organização genérica por assunto.

♦ Dou e dôo livros com freqüência.

♦ Não me interesso muito pela vida do autor.  O livro, sua obra, é o que me atrai.

♦ Não sou a pessoa que mais lê na minha casa.  Meu marido lê muito,  muito mais do que eu.





A locomotiva e o cavalo, fábula de Lachambeaudie e Paula Brito

7 07 2009

trem e cavalo

 

A locomotiva e o cavalo

 

Paula Brito

 

[ Fábula de Lachambeaudie]

 

 

Rival da Locomotiva

Um Cavalo buscou ser,

Supondo que mais do que ela

Ele podia correr.

 

Num caminho em que tomavam

Ambos igual direção,

Disse ao Vapor o Cavalo,

Brioso escarvando o chão.

 

Por mais que queiras não podes

A palma ter da vitória,

Nem fazer com que teu nome

Como o meu brilhe na história.

 

Do fogo que te alimentas

As línguas vejo sair:

É nesse arsenal de guerra,

Que tens que te consumir.

 

— “ Deveras, tu te apresentas

Como meu competidor?

Pretendes lutar?  — lutemos,

Disse ao Cavalo o Vapor.

 

Malgrado a desproporção

Entre um e outro querer,

Junto da Locomotiva

Põe-se o Cavalo a correr.

 

Um enche os ares de pó,

Outro de negra fumaça!

Não há triunfo entre os dois,

Pois um ao outro não passa.

 

Exausto, porém, de forças,

O Cavalo cai e morre;

Que faz a Locomotiva?

Com mais fogo ‘inda mais corre!

 

—–

 

Quando a proterva ignorância

Foge do século à luz

No abismo se precipita

A que seu erro a conduz.

 

Sempre que a velha rotina

Ao progresso der conselho,

Será bom que não te esqueça

De se mirar no espelho.

 

                     —–

 

Em: O Espelho, revista de literatura, modas, indústria e artes, 18 de setembro de 1859, página 8.

 

paula brito, francisco 

 

Francisco de Paula Brito  ( RJ 1809 – RJ 1861) –  tipógrafo, editor, jornalista, escritor, poeta, dramaturgo, tradutor e letrista.   Foi aprendiz na Tipografia Nacional.   Trabalhou em seguida, em 1827 no Jornal do Comércio. Em 1831 passa a livreiro e editor com  Tipografia Fluminense de Brito & Cia.  Em 1833 lança o jornal O Homem de Cor, primeiro jornal brasileiro contra o preconceito racial.  É na sua editora que se forma a “Sociedade Petalógica”, grupo de poetas, compositores, atores, líderes da sociedade, ministros de governo, senadores, jornalistas e médicos que “constituíam movimento romântico de 1840-60”  Por outro lado, a tipografia de Paula Brito serviu também de ponto de encontro entre músicos populares [ Laurindo Rabello e Xisto Bahia, por exemplo] e poetas românticos.  A combinação produziu muitas parcerias musicais, principalmente no gênero das modinhas, que serviriam de embrião para a música popular urbana, popular no Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX.

 Obras:

Anônimas, poesia, 1859

O triunfo dos indígenas, teatro, sd

Os sorvetes, teatro, sd

O fidalgo fanfarrão, teatro, sd

A revelação póstuma, conto, 1839

A mãe-irmã, conto, 1839

O Enjeitado, conto

A marmota na Corte, periódico humorístico, 1849  

A Maxambomba, teatro   

A mulher do Simplício, ou A fluminense  exaltada, periódico humorístico, 1832  

Ao dezenove de outubro de 1854, dia de S. Pedro de Alcântara, nome de S. M. o Sr. D. Pedro II, poesia   

Biblioteca das senhoras, 1859  

Elegia à morte de Evaristo Xavier da Veiga, poesia, 1837  

Fábulas de Esopo para uso da mocidade, arranjadas em quadrinhas, poesia, 1857  

Monumento à memória do brigadeiro Miguel de Frias Vasconcellos e de seu irmão Francisco de Paula, 1859  

Norma, teatro, 1844  

Oferenda aos brasileiros, sd   

Os Puritanos, teatro 1845  

Poesias de Francisco de Paula Brito, poesia, 1863  

 —–

Pierre Lachambeaudie (França, 1807 – 1872) foi um escritor de fábulas francês.





Imagem de leitura — Ikeda Terukata

6 07 2009

Ikeda Terukata (Japão 1883-1921) lady reading

 

Senhora lendo, s/d

Ikeda Terukata (Japão, 1883-1921)

Xilogravura policromada

 

Ikeda Terukata nasceu no Japão em 1883.  Foi aluno de Mizumo Toshikata e mais tarde de Kawai Gyokudo.  Expôs seus trabalhos em Benten,  Participou em 1901, com Kaburagi Kiyokata e Yamanaka Kodo da formação do grupo Ukokai cujo objetivo era melhorar a arte do ukiyo-e, que havia deteriorado numa arte com temas superficiais e de gênero. Suas xilogravuras que refletem o estilo contemporâneo ukiyo-e (retratos do mundo flutuante)  foram publicadas por Akiyama Beumon.  Suas gravuras relatando a guerra sino-japonesa tiveram publicação de Rukuda Kumajiro.  Recebeu inúmeros prêmios durante sua carreira e seu mais querido tema foram as bijin (mulheres lindas).  Teve trabalhos publicados postumamente em 1924, agrupados sob o título: Novas Belezas Ukiyo-e.