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[também chamado O Polichinelo]
Alessandro Sani (Itália, 1870,1950)
óleo sobre tela, 36 x 85cm
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Meus Tiranos
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Frederico Trotta
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(aos meus sete netos)
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Oh! filhos de meus filhos, meus tiranos,
que a casa me invadis, alacremente,
na expansão natural dos tenros anos,
como um bando de pássaros, contente!
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Não deixais sossegados móveis, panos,
em tudo remexeis alegremente.
Sois meigos, vivos, bons, não causais danos
e a tristeza espantais, jocosamente!
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E junto da avó, em grupo tagarela,
à larga expandis os corações,
formando um cromo, cândida aquarela,
tal qual Branca de Neve e os sete anões!
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Adoro essa balbúrdia domingueira,
de brincos infantis e risos castos,
de suave sabor patriarcal!
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Vós me tornais feliz de tal maneira
que, praza aos céus, na hora derradeira,
ao fechar para sempre os olhos gastos,
cerrando sobre a vida espesso véu,
ouça invadir a casa toda inteira,
vosso clamor;
fanfarra triunfal,
a conduzir-me à porta azul do céu!
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Em: Poetas cariocas em 400 anos, ed. Frederico Trotta, Rio de Jnaeiro, Editora Vecchi: 1965, p. 291.
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Frederico Trotta (1899-1980), advogado, militar, político, jornalista, poeta. Como poeta começou publicando poesias soltas, em 1920 na revista Boa Noite. Como jornalista fez contribuições para O Jornal e Manhã. Foi diretor-secretário de ATarde, de Curitiba em 1932, Em 1950 teve uma coluna diária para o Diário do Povo.
Obras literárias:
Mãe, antologia sentimental, 1957
Meu pai, meu bom amigo, antologia sentimental, 1957
O talismã do Cabo Pierre, contos, 1957
Um roseiral para alegrar a vista, poesias, 1957
Que emocionante ver um poema de meu avô próximo ao dia dos avós.
Na época do poema ele tinha “apenas” sete netos, mas ao todo somos 13.
Parabéns pelo blog.
Obrigada Carol, obrigada pela visita, pelas palavras de incentivo. Que beleza de família! Parabéns. O poema é muito lindo! Ladyce