Diferenças entre cérebros femininos e masculinos

21 07 2008
Adão e Eva Iluminura, Manuscrito Hunterian 209, séc. XII Universidade de Glascow, Escócia.

Adão e Eva Iluminura, Manuscrito Hunterian 209, séc. XII Universidade de Glascow, Escócia.

 

No jornal britânico The Independent do dia 18 deste mês, encontrei um artigo de Michael McCarthy, na seção de ciências, que achei bastante interessante.  Tudo indica que os cérebros dos homens e das mulheres apresentam maiores diferenças do que até hoje se assumia.

 

Sou filha de um cientista e me lembro de meu pai recitando as diferenças entre os cérebros masculinos e femininos, em termos de peso e de tamanho.  Tal critério foi, por muitos anos, por gerações mesmo, usado para justificar idéias sociais absurdas: porque não se precisava dar atenção à educação das mulheres (com um cérebro menor reteriam menos informação),  justificando, em muito, a até então considerada superioridade masculina.  Isto tornou este tópico de especial interesse para mim, que apesar de não ser cientista, sempre mantive os olhos e ouvidos bem abertos para o assunto.  

 

O resultado da pesquisa mais recente sobre as diferenças dos cérebros entre homens e mulheres é que na verdade eles parecem ser dois tipos diferentes de cérebros, ambos pertencentes à raça humana.  O que indica esta diferenciação são três pontos nunca antes percebidos em conjunto: 1) a “planta baixa”, ou seja, o mapeamento dos cérebros dos seres humanos é diferente de acordo com o sexo; 2) os circuitos que conectam partes de cada cérebro também apresentam diferenças essenciais; 3) os agentes químicos que transmitem as mensagens dentro do cérebro também são diferenciados.  Estas três grandes diferenças justificam o que antes se considerava serem diferenças causadas por hormônios sexuais, pressões sociais e diversas peculiaridades anatômicas.   Mas, anteriormente, não havia uma maneira de se saber por que, por exemplo, problemas de saúde mental são diferenciados de acordo com o sexo da pessoa, assim como por que certos remédios são mais eficazes nos homens do que nas mulheres?

 

As diferenças encontradas se concentram, até o momento, no lóbulo frontal, que é considerado o local onde decisões são tomadas e problemas resolvidos.   Nas mulheres esta região é bem maior do que nos homens.  As emoções, por tanto tempo associadas ao sexo feminino, realmente têm razão de ser, pois estão fomentadas, reconhecidas e localizadas no córtex límbico — que é também  maior nas mulheres do que nos homens.   Outra grande diferenciação aparece no hipocampo – o local responsável pela memória recente assim como navegação espacial. 

 

Nos homens são maiores: o córtex parietal — responsável pela percepção do espaço; e a amídala — local determinante do comportamento emocional, sexual e social do homem.  Assim tudo indica que há uma paridade entre diferença de tamanho e diferença de organização funcional.

 

Estas diferenças ajudariam a explicar alguns dos quebra-cabeças da ciência: 1) por que mulheres conseguem agüentar dores por longos períodos de tempo 2) por que mulheres e homens diferem nas reações ao ópio e seus derivados.  Mulheres são mais sensíveis ao ópio com analgésico ao passo que homens são mais suscetíveis aos analgésicos baseados na morfina. 

 

Como até hoje todos os remédios e todos os estudos sobre o cérebro humano têm sido baseados simplesmente no cérebro masculino há chance de que muitas novidades ainda estejam para serem descobertas e divulgadas, quando os cérebros femininos forem tão estudados quanto os masculinos.


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