Primavera, capa da Revista Better Homes & Gardens, julho 1929.
Casamento Perfumado
Antônio Gedeão
Queria certa donzela
de olfato bem apurado
que o seu casamento fosse
de sempre o mais perfumado.
Seu nome era Rosa Branca
Cravo Vermelho seu noivo
madrinha, D. Açucena,
padrinho, o senhor D. Goivo.
Sua grinalda enfeitou
com flores de laranjeira
e na sua mão levou
um ramo de erva cidreira.
Seus pajens, os Manjericos;
Violetas, suas aias,
seu pai, o senhor Junquilho
Madressilva em lindas saias.
Veio dizer a cozinheira
que ía tudo perfumar:
“trago salsa e hortelã
para pôr no seu jantar.
Que belo aroma que dão
a canela e o coco
para perfumar os bolos
vou juntar vinho do Porto.
A bela Erva-Luísa
veio para servir o chá
como é toda perfumada
que belo jeito me dá.
Diga-me lá D. Rosa,
se mais perfumes deseja.”
Haverá um casamento
que mais perfumado seja?
Em: Obra Poética, António Gedeão, Edições JSC, Lisboa: 2001
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