Meninos e meninas, leitores de peso!

8 03 2009

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Monica Lendo, 2000  

Anne Belov  (EUA, Filadélfia)

Óleo sobre tela

 

 

 

 

 

O jornal O Globo de hoje, 7 de março de 2009, em seu caderno GLOBINHO,  dedicado aos mais jovens, traz um artigo na primeira página que é alentador.  Intitulado Devoradores de Livros, o artigo escrito por Christine Lages, mostra o interesse na leitura desenvolvido por muitos meninos e meninas dos 9 aos 12 anos.  Este interesse está refletido na leitura não de livros com ilustrações coloridas e letras grandes, maiores do que as usadas em livros de prosa, mas por livros, que  sem ilustrações ainda são grossos,  com muitas e muitas páginas, que poderiam facilmente intimidar até um adulto.  

 

Estes novos leitores já devoraram os livros de Harry Potter e agora estão expandindo seus horizontes por outras áreas.   Duas meninas de 11 e 12 anos por exemplo já leram os três títulos publicados em português da escritora americana Stephenie Meyer.  Enquanto que outra da mesma idade já havia anteriormente lido diversos livros da série da Princesa de Meg Cabot.   Diogo, um menino de 9 anos, já consumiu as histórias de Harry Potter e diz claramente: Gosto de pegar nos livros antes de dormir, depois que termino o meu dever de casa, e quando os meus pais estão lendo.

 

Junto a este artigo há uma lista dos livros de grandes sucessos que reproduzo aqui, para facilitar aqueles que gostariam de apresentar algumas histórias fascinantes para estes jovens leitores.  Bom proveito!  Incentive a leitura.  E veja que o exemplo em casa sempre fala mais alto!

 

 

GRANDES SUCESSOS, lista de O GLOBO:

 

 

De Stephenie Meyer:

 

 

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           Crepúsculo, editora: Intrínseca, 2008: 416 páginas

 

Crepúsculo poderia ser como qualquer outra história não fosse um elemento irresistível: o objeto da paixão da protagonista é um vampiro. Assim, soma-se à paixão um perigo sobrenatural temperado com muito suspense, e o resultado é uma leitura de tirar o fôlego – um romance repleto das angústias e incertezas da juventude – o arrebatamento, a atração, a ansiedade que antecede cada palavra, cada gesto, e todos os medos. Isabella Swan chega à nublada e chuvosa cidadezinha de Forks – último lugar onde gostaria de viver. Tenta se adaptar à vida provinciana na qual aparentemente todos se conhecem, lidar com sua constrangedora falta de coordenação motora e se habituar a morar com um pai com quem nunca conviveu. Em seu destino está Edward Cullen.

 

Ele é lindo, perfeito, misterioso e, à primeira vista, hostil à presença de Bella o que provoca nela uma inquietação desconcertante. Ela se apaixona. Ele, no melhor estilo “amor proibido”, alerta: Sou um risco para você. Ela é uma garota incomum. Ele é um vampiro. Ela precisa aprender a controlar seu corpo quando ele a toca. Ele, a controlar sua sede pelo sangue dela. Em meio a descobertas e sobressaltos, Edward é, sim, perigoso: um perigo que qualquer mulher escolheria correr.

 

Nesse universo fantasioso, os personagens construídos por Stephenie Meyer – humanos ou não – se mostram de tal forma familiares em seus dilemas e seu comportamento que o sobrenatural parece real. Meyer torna perfeitamente plausível – e irresistível – a paixão de uma garota de 17 anos por um vampiro encantador.

 

 

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           Lua Nova, editora: Intrínseca, 2008: 480 páginas

 

Para Bella Swan, há uma coisa mais importante do que a própria vida: Edward Cullen. Mas estar apaixonada por um vampiro é ainda mais perigoso do que ela poderia ter imaginado. Edward já resgatara Bella das garras de um mostro cruel, mas agora, quando o relacionamento ousado do casal ameaça tudo o que lhes é próximo e querido, eles percebem que seus problemas podem estar apenas começando…

 

Legiões de leitores que ficaram em transe com o best-seller Crepúsculo estão ávidos pela seqüência da história de amor de Bella e Edward. Em Lua nova, Stephenie Meyer nos dá outra combinação irresistível de romance e suspense com um toque sobrenatural. Apaixonante e cheia de reviravoltas surpreendentes, essa saga de amor e vampiros segue rumo à imortalidade literária.

 

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           Eclipse, editora: Intrínseca, 2009: 464 páginas

 

“Havia algo que Edward não queria que eu soubesse. Algo que Jacob não teria escondido de mim. Algo que pôs tanto os Cullen quanto os lobos no bosque, movendo-se juntos numa proximidade perigosa. (…)  Algo que eu, de algum modo, esperava. Que eu sabia que aconteceria de novo, tanto quanto desejava que jamais acontecesse. Nunca teria um fim, teria?”

 

Enquanto Seattle é assolada por uma sequência de assassinatos misteriosos e uma vampira maligna continua em sua busca por vingança, Bella está cercada de outros perigos. Em meio a isso, ela é forçada a escolher entre seu amor por Edward e sua amizade com Jacob – uma opção que tem o potencial para reacender o conflito perene entre vampiros e lobisomens. Com a proximidade da formatura, Bella vive mais um dilema: vida ou morte. Mas o que representará cada uma dessas escolhas?

 

 

De Meg Cabot:

 

 

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           O diário da princesa, RJ, editora: Record, 2001: 288 páginas

 

 

Mia é uma adolescente como qualquer outra mas, um belo dia, sua vida vira de cabeça para baixo. Normalmente ela só vê o pai no Natal. O pai é na realidade um príncipe, e descobre que não pode ter mais filhos. Mia torna-se a única herdeira do trono de Genovia, transformando-se numa celebridade. Mas descobre que a vida de uma princesa pode ser muito dura. O livro se transformou em filme nas mãos do diretor Garry Marshall e conta com a participação de Julie Andrew e Anne Hathaway.

 

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           Avalon High, RJ, editora: Record, 2007: 350 páginas

 

Avalon High pode não ser exatamente o lugar onde Ellie gostaria de estudar, mas até que não e tão ruim assim. Uma escola americana normal, freqüentada pelos mesmos tipos de sempre: Lance, o esportista; Jennifer, a animadora de torcida; e Will, o presidente da turma, jogador talentoso, bom momo… e muito charmoso! Mas nem todos na Avalon High são o que pensam ser… nem mesmo Ellie, como ela logo vai descobrir.

 

 

Depois de um esbarrão durante uma corrida no parque, os destinos de Ellie e Will parecem estar irremediavelmente entrelaçados. Ela começa a notar uma série de estranhas coincidências entre o seu cotidiano e a lenda do rei Arthur -nomes similares, triângulos amorosos, sociedades secretas -, mas qual seria seu verdadeiro papel nessa história? Como em Camelot, estariam seus novos amigos fadados a um trágico destino? E, pior, o que ela pode fazer para impedir que uma profecia milenar se cumpra mais uma vez?

 

De J. K. Rowling:

 

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           Harry Potter e a pedra filosofal, RJ, Rocco: 2000:263 páginas

 

 

Primeiro volume da série. Prepare-se para entrar no mundo da magia, sonhar com os feitiços que só se aprendem em Hogwarts e detestar uma família adotiva. Este é um resumo raso do mundo de Harry Potter, o menino que tem um raio na testa. De forma divertida, no ritmo dos melhores filmes de aventura, a escocesa J.K. Rowling está conquistando o mundo com a série, que deverá chegar a sete volumes.

 

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           Harry Potter e a câmara secreta, RJ, Rocco: 2000: 288 páginas

 

Segundo livro da saga do atrapalhado aprendiz de feiticeiro. Desta vez, terríveis perigos rondam o Colégio Hogwarts de Magia e Feitiçaria. Harry e seu amigo Ron terão que enfrentar tenebrosos monstros e, o que é pior, a encarnação nada amigável de seu inimigo número um: Lorde Voldemort.

 

 

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Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban, RJ, Rocco: 2000: 366 páginas

 

As aulas estão de volta a Hogwarts e Harry Potter não vê a hora de embarcar no Expresso a vapor que o levará de volta à escola de bruxaria. Mais uma vez suas férias na rua dos Alfeneiros, 4, foi triste e solitária. Tio Válter Dursley estava especialmente irritado com ele, porque seu amigo Rony Weasley tinha lhe telefonado. E ele não aceitava qualquer ligação de Harry com o mundo dos mágicos dentro de sua casa. A situação piorou ainda mais com a chegada de tia Guida, irmã de Válter. Harry já estava acostumado a ser humilhado pelos Dursley, mas quando tia Guida passou a ofender os pais de Harry, mortos pelo bruxo Voldemort, ele não agüentou e transformou-a num imenso balão. Irritado, fugiu da casa dos tios, indo se abrigar no Beco Diagonal.

 

Lá ele reencontra Rony e Hermione, seus melhores amigos em Hogwarts e, para sua surpresa, é procurado pelo próprio Ministro da Magia. Sem que Harry saiba, o ministro está preocupado com o garoto, pois fugiu da prisão de Azkaban o perigoso bruxo Sirius Black, que teria assassinado treze pessoas com um único feitiço e traído os pais de Harry, entregando-os a Voldemort. Sob forte escolta, o garoto é levado para Hogwarts.

 

Na escola as dificuldades são as de sempre: Severo Snape, o professor de Poções, o trata cada vez pior, enquanto ele tem de se esforçar nos treinos de quadribol, e levar Grifinória à vitória do campeonato. Para piorar a situação, os terríveis guardas de Azkaban, conhecidos por dementadores, estão de guarda nos portões da escola, caso Sirius Black tente algo contra Harry. Por fim, Harry tem de enfrentar seu inimigo para salvar Rony e obrigado a escolher entre matar ou não aquele que traiu seus pais.

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           Harry Potter e o cálice de fogo, RJ, Rocco: 2001: 584 páginas

 

Verão, Harry Potter, agora com 14 anos, sente sua cicatriz arder durante um sonho bastante real com Lord Voldemort, o qual não consegue esquecer; três dias depois, já em companhia da família Weasley, com quem foi passar o restante das férias, na final da Copa Mundial de Quadribol, os Comensais da Morte, seguidores de Você-Sabe-Quem, reaparecem e alguém conjura a Marca Negra ? o sinal de Lord Voldemort ? projetando-a no céu pela primeira vez em 13 anos, causando pânico na comunidade mágica. Será que o terrível bruxo está voltando? Tudo indica que sim…

 

O ano letivo já começa agitado. Harry volta para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts para cursar a quarta série. Acontecimentos inesperados ? como, por exemplo, a presença de um novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas e um evento extraordinário promovido na escola ? alvoroçam os ânimos dos estudantes. Para surpresa de todos não haverá a tradicional Copa Anual de Quadribol entre Casas. Será substituída pelo Torneio Tribuxo, uma competição amistosa entre as três maiores escolas européias de bruxaria ? Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang ? que não se realizava havia um século. A competição é dividida em tarefas, cuja finalidade é testar a coragem, o poder de dedução, a perícia em magia e a capacidade de enfrentar o perigo dos campeões. Liderados pelo professor Dumbledore, os alunos de Hogwarts terão de demonstrar todas as habilidade mágicas e não-mágicas que vêm adquirindo ao longo de suas vidas.

 

Apesar de alunos menores de 17 anos não poderem se inscrever no Torneio, inexplicavelmente Harry é escolhido pelo Cálice de Fogo, um grande copo de madeira toscamente talhado cheio até a borda com chamas branco-azuladas, para competir como um dos campeões de Hogwarts. Tendo a seu lado os fiéis amigos Rony Weasley, Hermione Granger e agora também o seu padrinho, o bruxo Sirius Black, que fugiu de Azkaban no ano anterior, o menino feiticeiro tentará escapar mais uma vez das armadilhas de Lord Voldemort.

 

Além de todos os desafios, há feitiços a serem aprendidos, poções a serem preparadas e aulas de Adivinhação, entre outras, a serem assistidas, Harry terá que lidar ainda com os problemas comuns da adolescência: amor, amizade, aceitação e rejeição.

 

Harry Potter é o tipo de livro que fascina, encanta, surpreende e prende a atenção até o último segundo. Uma série recomendada para todas as idades.

 

 

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           Harry Potter e a Ordem da Fênix, RJ, Rocco: 2003: 702 páginas

 

 

O quinto volume da série Harry Potter traz a mais longa das aventuras do aprendiz de feiticeiro: tem cerca de 255 mil palavras, pesa 800 gramas e tem tudo para surpreender os leitores. J. K. Rowling chegou a revelar que chorou ao escrever a morte de um dos personagens mais ligados a Harry Potter em A Ordem da Fênix, cujo título faz menção a uma sociedade secreta envolvendo parte dos professores da Escola de Magia. No livro, Harry não é mais um garoto. Aos 15 anos, continua sofrendo a rejeição dos Dursdley, sua estranhíssima família no mundo dos “trouxas”, ou seja, todos os que não são bruxos. Também continua contando com Rony Weasley e Hermione Granger, seus melhores amigos em Hogwarts, para levar adiante suas investigações e aventuras. Mas o bruxinho começa a sentir e descobrir coisas novas, como o primeiro amor e a sexualidade. Nos volumes anteriores, J. K. Rowling mostrou como Harry foi transformado em celebridade no mundo da magia por ter derrotado, ainda bebê, Voldemort, o todo-poderoso bruxo das trevas que assassinou seus pais. Neste quinto livro da saga, o protagonista, numa crise típica da adolescência, tem ataques de mau humor com a perseguição da imprensa, que o segue por todos os lugares e chega a inventar declarações que nunca deu. Harry vai enfrentar as investidas de Voldemort sem a proteção de Dumbledore, já que o diretor de Hogwarts é afastado da escola. E vai ser sem a ajuda de seu protetor que o jovem herói enfrentará descobertas sobre a personalidade controversa de seu pai, Tiago Potter, e a já anunciada morte de alguém muito próximo. O desaparecimento de um dos personagens centrais da trama é um dos trunfos de A Ordem da Fênix que, com isto, transforma-se no livro mais dramático da série até agora. Não foi por acaso que J. K. Rowling chegou às lágrimas escrevendo.

 

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           Harry Potter e o enigma do príncipe, RJ, Rocco, 2005: 510 páginas

 

 

Este é o sexto volume das aventuras de Harry e seus amigos. Esta turma agora está no sexto ano da escola de Bruxaria e Magia Hogwarts.   Em meio à batalha entre o bem e o mal, o poder de Voldemort e seus seguidores está aumentando dia após dia e a luta contra Voldemort não está indo bem. Ron procura por nomes familiares nas páginas do obituário do Profeta Diário. A Ordem da Fênix já sofreu algumas perdas. Os gêmeos Weasley ampliam seus negócios. Adolescentes lutam e se apaixonam. As aulas não têm sido fáceis, embora Harry receba ajuda do misterioso príncipe. Em Hogwarts, Harry procurará pela verdadeira e completa história do menino que se tornou Lord Voldemort – e assim, descobrirá o que pode ser sua única vulnerabilidade.

 

 

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           Harry Potter e as relíquias da morte, RJ, Rocco, 2007: 590 páginas

 

 

 

A conclusão da saga do bruxinho mais querido do mundo esta prestes de começar!  Voldemort está cada vez mais forte e Harry Potter precisa encontrar e aniquilar as Horcruxes para enfraquecer o Lorde das Trevas e poder enfrentá-lo. Nessa busca desenfreada, contando apenas com os leais amigos Rony e Hermione, Harry descobre as Relíquias da Morte, que serão úteis na batalha do bem contra o mal. Ação eletrizante conduzida com maestria por J. K. Rowling, concluindo os passos de herói de Harry Potter na maior saga bruxa de todos os tempos.

 

 

 

De Júlio Verne:

 

 

 

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           A ilha misteriosa, RJ, Ediouro, 2006: 204 páginas

 

 

Um balão cai perto de ilha desconhecida no Oceano Pacífico. Os cincos sobreviventes enfrentam os obstáculos naturais impostos pela ilha misteriosa, desde animais selvagens e temperaturas extremas a um navio repleto de piratas. Nessa história empolgante, com um final surpreendente, Verne combina aventura e pesquisa científica em uma narrativa clara e dinâmica, entremeada pelo humor, ironia e criatividade.  

 

O artigo também menciona o livro Pippi Meialonga, de Astrid Lindgren, que tem duas edições no momento, a maior delas com 208 páginas .  Seguido em popularidade por Túneis de Brian Williams e Roderick Gordon com 480 páginas.





Outras opções de livros para meninos e meninas leitores

9 03 2009

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Leitura no Domaine de Nerige, s/d

Alex Russell Flint ( Reino Unido, 1974)

óleo sobre tela

 www.alexrussellflint.com

 

 

Ontem mostrei aqui a lista dos livros que meninos e meninas de 9 a 12 anos estão encantados em ler de acordo com um artigo publicado no jornal O GLOBO.  A lista pode ser encontrada aqui.

 

Hoje coloco aqui outras opções de livros de mais de 250 páginas que estão interessando jovens leitores no Brasil.  A lista foi compilada através dos livros mais vendidos em livrarias virtuais e livrarias físicas.   Eliminei as repetições para poder enquadrar o maior número possível de opções para quem quer ler algo de diferente ou para quem quer  presentear um filho, um parente, um amiguinho.  

 

 

 

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George e o segredo do universo, Lucy & Stephen Hawking, RJ, editora Ediouro: 2007: 304 páginas

 

 

Radicais, os pais de George não o deixam ter acesso à tecnologia. Mas junto com a amiga Annie e um supercomputador, eles farão uma viagem de aventura e aprendizado pelo espaço sideral. Um enredo criado para mostrar as revolucionárias idéias e conceitos de Física e Astrofísica de Stephen Hawking sobre o Universo, de uma forma divertida para o público infantil. 1º livro da trilogia.

 

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Brisingr – Trilogia da Herança – vol 3, Christopher Paolini, RJ, Editora Rocco: 2008: 720 páginas

 

Eragon e seu dragão, Saphira, conseguiram sobreviver à batalha colossal na Campina Ardente contra os guerreiros do Império. No entanto, Cavaleiro e dragão ainda terão de se deparar com inúmeros desafios?

 

Eragon se vê envolvido numa série de promessas que talvez não consiga cumprir, como o juramento a seu primo, Roran, de ajudá-lo a resgatar sua amada Katrina das garras de Galbatorix. Todavia, Eragon deve lealdade a outros também. Os Varden precisam desesperadamente de sua habilidade e força, assim como elfos e anões. Com a crescente inquietação dos rebeldes e a iminência da batalha, Eragon terá de fazer escolhas que o levarão a atravessar o Império, viajando muito além. Escolhas que poderão submetê-lo a sacrifícios inimagináveis?

 

 

Eragon é a única esperança de libertar o reino da tirania de Gabaltorix. Conseguirá o jovem unir as forças rebeldes e derrotar o Império?

 

 

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The O.C.: o Forasteiro, Corin Martin, RJ, Editora: Pretígio: 2006: 250 páginas

 

Orange County é um paraíso na Califórnia onde tudo aparenta ser extremamente perfeito. Porém, por trás dessa superfície idealizada, mundos são desconstruídos e segredos vêm à tona. The O.C. é uma história de relacionamentos entre pais e filhos, maridos e esposas e o amadurecimento de três jovens de personalidades bem diferentes. Ryan, Marissa, Seth e todos os personagens e conflitos da série mais badalada da TV se encontram nesse livro, para alegria do fãs e de todos que gostam de uma comovente e divertida história.

 

 

 

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Colin Cosmo e os Supernaturalistas, Eoin Colfer, RJ, Editora Record: 2005: 317 páginas

 

Em um futuro próximo, o jovem Colin Cosmo é manda pra um orfanato, no qual era forçado a trabalhar sem descanso, além de servir de cobaia para um monte de testes. Ele decide fugir e para isso conta com a ajuda dos Supernaturalistas, garotos que, como ele, possuem uma certa habilidade especial. O que eles não imaginavam é que iriam descobrir um terrível segredo que poderia destruir o mundo.

 

 

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Sorte ou Azar?,  Meg Cabot, RJ, Editora Record: 2008: 288 páginas

 

A falta de sorte parece perseguir Jinx onde quer que ela vá ? e por isso ela está tão animada com a mudança para a casa dos tios, em Nova York. Talvez, do outro lado do país, Jinx consiga finalmente se livrar da má sorte. Ou, pelo menos, escape da confusão que provocou em sua pequena cidade natal. Mas logo ela percebe que não é apenas da má sorte que está fugindo. É de algo muito mais sinistro… Será que sua falta de sorte é, na verdade, um dom, e a profecia sob a qual ela viveu desde o dia que nasceu é a única coisa que poderá salvá-la?

 

 

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Eldest Trilogia A Herança, vol 2, Christopher Paolini, RJ, Editora Rocco: 2008: 656 páginas.

 

Emoção e aventura aguardam os leitores na continuação desta aventura fantástica iniciada com Eragon, título que vendeu mais de oito milhões de exemplares em 42 países.

 

Eldest acompanha o amadurecimento do jovem guerreiro protagonista da história e mostra também o crescimento de Christopher Paolini como escritor. Agora com 20 anos, o jovem autor utiliza técnicas narrativas mais complexas para contar as aventuras e os desafios encarados por Eragon. Ousei mais neste segundo livro e usei técnicas que não tinha usado no primeiro, como trocar pontos de vista e trabalhar de maneira mais completa os personagens e suas emoções?, explica o escritor.

 

As expressões criadas por Paolini para cada povo do reino de Alagaësia ganham mais espaço e transformam-se em frases inteiras em Eldest. Inspiradas no norueguês antigo ou simplesmente inventadas, a Língua antiga, a Língua dos anões e a Língua dos urgals exigiram muita pesquisa por parte do autor. ?Acho que as línguas criadas fluem melhor no segundo livro e aparecem como uma linguagem mais completa?, conta Paolini. O segundo volume da Trilogia da Herança traz um glossário com o significado dos termos originais mais usados no épico do autor norte-americano.

 

A narrativa de Eldest começa três dias após a cruel batalha travada por Eragon para libertar o Império das forças do mal. Agora, o Cavaleiro de Dragões se vê envolvido em novas e emocionantes aventuras. Em busca de um tal Togira Ikonoka. O Imperfeito que é Perfeito, que supostamente possui as respostas para todas as suas perguntas, Eragon parte, junto com Saphira, o dragão azul que o acompanha desde o início da aventura, para Ellesméra, a terra onde vivem os elfos. Lá, eles pretendem aprender os segredos da magia, da esgrima e aperfeiçoar o seu domínio da língua antiga.

 

Em sua jornada, que também é uma caminhada para a maturidade, Eragon conhece seres e lugares diferentes e se apaixona por Arya, filha da rainha Islanzdaí. Mas também descobre que nem tudo é o que parece. Conflitos e traições aguardam o jovem herói e por um longo tempo ele não tem certeza em quem pode confiar. Os desafios de Eragon são entremeados pela luta de Roran, cuja importância aumentou em relação ao primeiro livro, formando narrativas paralelas que se juntam no fim com um único objetivo: derrotar o grande rei.

Mais maduro e preparado, Eragon consegue afastar o exército inimigo por algum tempo. A vitória definitiva, no entanto, só acontece depois da revelação de um grande segredo, que fará com que Eragon e Roran se unam novamente e decidam partir para uma nova e perigosa missão, que parece ser o ponto de partida do terceiro livro: salvar a noiva de Roran, Katrina, dos Razac.

 

 

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Túneis, Roderick Gordon e Brian Williams, RJ, Editora Rocco: 2008: 480 páginas

 

 

Will é um garoto de 14 anos cuja única afinidade com seu excêntrico pai é a paixão pela arqueologia. Ele passa a maior parte do seu tempo livre cavando buracos nos arredores do terreno de sua casa para realizar descobertas científicas, fugir da pressão da escola e da mesmice da família. Um dia, seu pai desaparece misteriosamente por um túnel que Will não conhecia, e o garoto começa a cavar, literalmente, a verdade por trás do sumiço do pai. Este é o mote de Túneis, sucesso na Europa e nos EUA que a Rocco traz agora para o Brasil. Escrito pela dupla Roderick Gordon e Brian Williams, o livro tem adaptação garantida para o cinema e já foi vendido para 35 países. Túneis é a aposta do agente literário Barry Cunningham, responsável, no fim da década de 1990, por descobrir Harry Potter e sua então desconhecida criadora, J. K. Rowling.

 

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Pegando fogo!, Meg Cabot, RJ, Editora Record: 2009:  308 páginas

 

Katie Ellison é uma mentirosa de mão-cheia e ainda por cima guarda um grande segredo sobre seu antigo melhor amigo, Tommy, que, quatro anos antes, criou um sério tumulto e acabou saindo da cidade. Agora, ele está de volta, e Katie vai ter que decidir se prefere continuar com as mentiras para manter as aparências, ou se finalmente vai abrir a boca e aceitar que as coisas nunca mais serão como antes.

 

 

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Coração de Tinta, Cornelia Funke, SP, Editora Cia das Letras: 2006: 456 páginas

 

Há muito tempo Mo decidiu nunca mais ler um livro em voz alta. Sua filha Meggie é uma devoradora de histórias, mas apesar da insistência não consegue fazer com que o pai leia para ela na cama. Meggie jamais entendeu o motivo dessa recusa, até que um excêntrico visitante finalmente vem revelar o segredo que explica a proibição.

 

É que Mo tem uma habilidade estranha e incontrolável: quando lê um texto em voz alta, as palavras tomam vida em sua boca, e coisas e seres da história surgem como que por mágica. Numa noite fatídica, quando Meggie ainda era um bebê, a língua encantada de Mo trouxe à vida alguns personagens de um livro chamado Coração de tinta. Um deles é Capricórnio, vilão cruel e sem misericórdia, que não fez questão de voltar para dentro da história de onde tinha vindo e preferiu instalar-se numa aldeia abandonada. Desse lugar funesto, comanda uma gangue de brutamontes que espalham o terror pela região, praticando roubos e assassinatos. Capricórnio quer usar os poderes de Mo para trazer de Coração de tinta um ser ainda mais terrível e sanguinário que ele próprio. Quando seus capangas finalmente seqüestram Mo, Meggie terá de enfrentar essas criaturas bizarras e sofridas, vindas de um mundo completamente diferente do seu.

 

 

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Gossip Girl: as Delícias da Fofoca – vol. 1, Cecily Von Ziegesar, RJ, Editora Record: 2005: 253 páginas

 

Blair Waldorf e Serena van der Woodsen são duas adolescentes da alta roda nova-iorquina, ricas, bonitas, chiques e cheias de problemas. Este livro inaugura a série Gossip Girl, considerada o Sex and the City para adolescentes.

 

 

 

 

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It Girl 3 – Garota Sem Limite, Cecily Von Ziegesar,  RJ,  Editora Galera: 2008:  272 páginas

 

Este é o volume três da nova série de Cecily von Ziegesar. Jenny Humphrey, uma das mais polêmicas personagens da série Gossip Girl, deixou a Constance Billard para estudar na Waverly Academy. E ela chega chamando a atenção.

 

O charmoso Easy Walsh agora é seu, mas, infelizmente, ele era o ex da bela Callie, colega de quarto de Jenny. Tinsley, é claro, usa a traição em seu benefício e, para piorar, elas não dividem mais o mesmo quarto: Jenny ficou com Callie e Tinsley com Brett. Mas se no amor e na guerra vale tudo, o que vai acontecer quando Easy for ver Jenny no meio da noite e encontrar Callie?

 

E se um segredo misterioso de Tinsley for revelado?





A Peregrina escolhe os melhores livros do ano!

28 12 2023

Interior com senhora lendo

Albert André (França, 1869-1954)

óleo sobre tela, 50 x 65 cm

Musée de Belas Artes de Lyon, Coleção Tomaselli

 

 

Este foi um ano irregular de leituras.  Ou seja:  muitos livros começados.  Muitos livros sem terminar.  Muitos livros terminados aos trancos e barrancos.  Muitos livros relidos.  Muitos livros lidos exclusivamente para aulas.  E alguns meses sem qualquer vontade de ler.  Dizem que o vai e volta é típico de quem passa pelo processo de luto.  Termino este ano consciente que faz um pouco mais de um ano e meio que me encontro viúva; o luto realmente mexe com a cabeça da gente.  Mas daqueles que li tenho alguns que achei MUITO BONS.  Como sempre, posto aqui a lista dos que li para depois colocar meus favoritos. 

 

Lições, Ian McEwan

Ninféias negras, Michel Bussi

A tenda vermelha, Anita Diamant

O mistério de Henri Pick, David Foenkinos

Hotel Portofino, J. P. O’Connell

Orgulho e preconceito, Jane Austen — RELIDO desta vez em português

A última livraria de Londres, Madeline Martin

Uma mulher singular, Vivian Gornick

Caderno proibido, Alba de Cespedes

O sol também se levanta, Ernest Hemingway 

Véspera, Carla Madeira

Noites Brancas, Fiódor Dostoiévski

Berta Isla, Javier Marías  — RELIDO

Garota, mulher, outras, Bernardine Evaristo

A vida peculiar de um carteiro solitário, Denis Thériault — RELIDO

Casas Vazias, Brenda Navarro

A boa sorte, Rosa Montero

As vitoriosas, Laetitia Colombani

O peso do pássaro morto, Aline Bei

Vermelho amargo, Bartolomeu Campos de Queirós  RELIDO

Confissões, Kanae Minato

A arte da rivalidade, Sebastian Smee

Autobiografia, Agatha Christie  RELIDO

A cidade e as serras, Eça de Queiroz  RELIDO

Laços, Domenico Starnone

A elegância do ouriço, Muriel Barbery  RELIDO

Violeta, Isabel Allende

O apartamento de Paris, Lucy Foley

O hotel na Place Vendôme: Vida, morte e traição no Ritz de Paris, Tilar J. Mazzeo

Ficções, de Jorge Luís Borges

Uma relação Imprópria, Barbara Pym  RELIDO, desta vez em português

2030: Como as Maiores Tendências de Hoje Vão Colidir com o Futuro de Todas as Coisas e Remodelá-las, Mauro F. Guillén

Incidente em Antares, Érico Veríssimo

 

Ao todo foram trinta e três livros.  Entre eles oito relidos.  Quase um quarto deles. Seis escolhidos como os melhores do ano.

 

 

 

 

Em primeiríssimo lugar:

Uma mulher singular, de Vivian Gornick.  Uma autobiografia  de uma mulher moderna, intelectual, que mantém o ritmo sincopado da cidade de Nova York,  onde vive.  Não é linear.  Não é a história completa de uma vida. Tampouco é um livro para todo leitor.  Mas é fascinante, revela uma era, uma mente curiosa e desvenda um conhecimento literário muito maior do que o de grande parte dos leitores.  É um livro que eu gostaria de um dia poder escrever, mas acredito que só esta autora poderia fazê-lo.

Em segundo lugar:

Ficções de Jorge Luis Borges. Que desafio!  Que brincadeira com a mente dos leitores.  Extraordinário.  Este livro terei que reler ainda algumas vezes. Mas é tudo o que haviam anunciado e muito mais. Que passeio entre a realidade (ela existe?) e o sonho.  Definitivamente um livro que não pode deixar de ser lido. Labiríntico.

Em terceiro lugar:

Incidente em Antares, Érico Veríssimo.  Ah, que prazer!  Uma comédia, uma crítica social, um retrato em que ainda nos reconhecemos!  Um prazer esta leitura, um divertimento que me fez refletir, sobre a nossa cultura, o nosso momento, sem amargor.  Muito bom.         

 

      

 Os outros três, também excelentes leituras: Laços, de Domenico Starnone; Lições de Ian McEwan e Caderno proibido de Alba de Céspedes.  Recomendo todos três (dois italianos e um inglês, que ano diferente!) para quem queira ler obras reflexivas com qualidade literária de primeira!





Uma sinopse intragável de editora brasileira de prestígio

20 10 2023

Moça de amarelo, 1936

Hilda Campofiorito (Brasil, 1901-1997)

óleo sobre tela

Museu Nacional de Belas Artes, RJ

 

 

 

Foi com grande choque que li esta semana a sinopse do livro Nana, de Émile Zola, publicado pela Editora Civilização Brasileira, nos dias de hoje parte do grupo Grupo Editorial Record, publicado em 2013, com tradução de Marcela Vieira.   ISBN: 978-85-200-1121-8

Nana é um clássico da literatura francesa, uma das grandes obras do escritor Émile Zola.  Esta obra não merece a sinopse escrita e publicada no site da editora, que reproduzo aqui, abaixo.  É um desserviço  aos leitores brasileiros e foge à  minha capacidade de compreensão como uma editora  de peso no Brasil deixa passar essa descrição.    Os grifos são meus.

“Sinopse

Naná é um dos romances mais conhecidos de Émile Zola. A personagem-título é a primeira periguete dos palcos, a grande vagabunda que alcança o maior sucesso na ribalta social, apesar de – ou talvez justamente por – ser desprovida de qualquer talento artístico. Filha de pai alcoólatra e de uma lavadeira, Naná é uma atriz de teatro medíocre, mas com um corpo de Vênus e uma sexualidade à flor da pele. É o tipo perfeito da prostituta de luxo, uma cortesã da alta sociedade francesa dos tempos do Segundo Império que enriquece à custa do comércio carnal.”

 

 

A intenção dessa descrição é uma das coisas que não consigo entender.  Quem aprovou isso?  Era empregado pago pela editora?  Porque evidentemente não sabia o que estava fazendo.  Teve a aprovação de quem?  E por quê?  Coloco abaixo duas outras sinopses do mesmo livro que, estando em domínio público, tem um maior número de edições.

 

Sinopse da Editora Nova Cultural, livro publicado em 2011:

 

“Integrante de um ciclo de vinte romances, Naná descreve a trajetória da filha de uma lavadeira que, corrompida na adolescência, transforma-se na mais poderosa cortesã do Segundo Império francês. Escrito em 1880, provavelmente este seja o romance mais popular de Émile Zola, e um dos perfis de mulher mais explorados pelo cinema e pela literatura.”

 

Sinopse da editora LEBOOKS, aqui abaixo:

 

“Naná é um romance escrito pelo autor naturalista francês, Émile Zola. Finalizado em 1880, Naná é o nono volume da série: “Os Rougon-Macquart” (Les Rougon-Macquart), cujo objetivo era descrever a “História Natural e Social de uma Família sob o Segundo Império”.  Naná, a protagonista título, pode ser considerada uma das primeiras vilãs da literatura, bem como a primeira “Femme Fatale”. Medíocre artista de teatro, mas com um corpo de Vênus e uma sexualidade desequilibrada e vulcânica, ela torna-se o tipo perfeito da prostituta de luxo, uma cortesã da sociedade francesa. Naná é um clássico da literatura e presença constante nas listas das melhores obras literárias, como é caso da famosa coletânea: “1001 Livros para ler antes de morrer”

 

E para contrastar, a sinopse da Editora Bertrand de Portugal, selo Relógio d’Água, edição de 2019

 

“Nana é um dos principais romances de Émile Zola. Nascida no meio operário, filha de um pai alcoólico e de uma lavadeira, Nana precisa de dinheiro para criar o filho que teve aos dezasseis anos de um pai desconhecido. Medíocre artista de teatro, prostitui-se para compor o ordenado ao fim do mês. A sua ascensão social começa com o papel de Vénus, que vai interpretar num teatro parisiense. Não sabe cantar, mas as suas roupas impudicas e a sexualidade intensa atraem os homens e permitem-lhe viver num apartamento luxuoso, onde foi instalada por um rico comerciante de Moscovo.

Nana vai tornar-se um exemplo de prostituta de luxo, da cortesã francesa do Segundo Império. Alcança a riqueza, afirma-se nos meios da aristocracia e da finança, reinando no seu palacete da avenida de Villiers, assumindo a mais completa liberdade entre móveis de laca branca e perfumes perturbadores. É assim que Nana dissipa heranças e mergulha famílias no desespero, exercendo o seu poder sobre os homens, desferindo golpes devastadores numa sociedade corrupta que despreza e de que acabará por ser vítima.”

 

Definitivamente estão trabalhando contra a cultura no Brasil. Quando comparo as sinopse, sinto vergonha do descaso do Grupo Editorial Record para com leitores brasileiros.  Que vergonha”

 

© Ladyce West, Rio de Janeiro, 2023

 





Resenha: “Kitchen” de Banana Yoshimoto

31 01 2017

 

 

alex_gross_3ice-cream-cone-despair-alex-grossSorvete de casquinha ou Desespero

Alex Gross (EUA, 1968)

 

 

Kitchen é o livro que apresentou ao ocidente, em meados da década passada, a escritora Banana Yoshimoto, revelação da moderna literatura japonesa.  Muito sucesso desde então abraçou a autora. O livro foi também minha apresentação ao trabalho dela e assim como outros leitores mundo afora irei ler suas outras obras. Com linguagem clara e delicada Yoshimoto apresenta os difíceis temas da perda, luto e renascimento emocional.

São duas histórias: uma novela (longo conto) e um conto.  Ambos tratam  com empatia as perdas por morte sofridas pelos personagens principais, jovens que se encontram sozinhos no mundo, sem familiares ou sem as pessoas que amam.  Todos acabam encontrando carinho e conforto através fontes inesperadas.  Suas vidas, que começam viradas pelo avesso sem perspectiva de melhores dias, parecendo perdidas em meio a tristeza e sofrimento aos poucos se liberam da decepção e visualizam um horizonte mais feliz, repleto de possibilidades.

 

 

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O estilo da autora é caprichoso.  Ela trata seus personagens, às vezes extravagantes, excêntricos e ocasionalmente exuberantes, com tanta delicadeza e aceitação que a própria estranheza não salta aos olhos.  Ao contrário, é comovente.  A narrativa leve, com jeito despretensioso, permite que sutilezas sejam ressaltadas, e que a vulnerabilidade de cada personagem apareça sem excessos ou melindres.

Banana Yoshimoto me lembra os interiores de casas japonesas onde o minimalismo é eloqüente; o gracioso tem peso e a almejada serenidade encontra expressão.  Não há excessos ainda que seus jovens personagens possam ser impulsivos,  às vezes precipitados.

 

 

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Banana Yoshimoto

 

 

Este é um livro sutil que trata de tópico difícil de maneira clara, delicada, agradável e sóbria.  Excelente leitura para qualquer idade. Vai para a minha lista de leituras para adolescente mais velhos, ou jovens adultos. Não é a toa que é um favorito da Geração X.

 

 

NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem qualquer incentivo para a promoção de livros.

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Resenha: “Que ninguém nos ouça” de Leila Ferreira e Cris Guerra

1 10 2016

 

 

david-hettinger-in_her_room-ostEm seu quarto

David Hettinger (EUA, 1946)

óleo sobre tela

www.dhettingerstudio.com

 

 

Gosto de sair da minha zona de conforto na leitura. Mesmo assim repito tendências.  Além de ficção literária leio biografias, história, ficção histórica, ensaios, crônicas e contos, crônicas de viagem. Cheguei a Que ninguém nos ouça através da recomendação de um amigo, já que ando à procura de boas obras brasileiras que não exijam um PhD em niilismo para serem apreciadas. Seleciono livros para o projeto Eu também leio, de incentivo à leitura. Por isso, alargo meus horizontes, sobretudo no âmbito nacional.

Desde que passamos a nos comunicar eletronicamente filmes e livros têm refletido essa atividade.  No cinema, Mensagem para você (1998) foi um grande sucesso entre comédias românticas do final do século. Há muitos livros que usaram o mesmo conceito de trocas de emails, como parte da trama. Todos seguem a antiga tradição de romances epistolares entre os quais está As relações perigosas do francês Chordelos de Laclos, tão ao gosto das intrigas de alcova do século XVIII. Essa obra teve um renascimento depois que foi adaptada para o teatro e mais tarde alvo de uma série televisiva. Usando a mesma técnica epistolar, adaptada ao email,  li num passado próximo,  A pesca do salmão no Iêmen, de  Paul Torday, que também se tornou obra cinematográfica e a deliciosa obra de Fal Azevedo, Minúsculos assassinatos e alguns copos de leite, merecedora de mais atenção do que recebeu desde que foi publicada em 2007.

 

 

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Careço entender o sucesso de Que ninguém nos ouça. Situada tanto na tradição epistolar quanto na corrente brasileira de crônicas do cotidiano, essa publicação não chega a satisfazer qualquer dessas categorias. Falta-lhe fundura.  Trata-se de uma coletânea de emails entre duas mulheres desprovida de argúcia ou estilo. Precisava de um bom editor, que se dedicasse à eliminação de repetições, que sugerisse cortes para maior realce a textos de interesse geral.  Leitores citam leveza e simplicidade como qualidades do livro.  Uma obra despretensiosa não precisa ser rasa para ter charme. Magnetismo vem justamente da frase bem aplicada e significativa, sem dar espaço ao lugar comum.  Infelizmente a chamada sabedoria, filosofia de vida, mencionada pelos leitores deste livro não passa de frases para cartões de aniversário, de amizade, de apoio ao amigo em apuros, frases usadas em cartões vendidos em papelarias de bairro. Elas também servem para postagem nas páginas do Facebook, como truísmos ou verdades incontestáveis. A obra é repleta dessas banalidades. As trivialidades são intermitentes.  E as situações cotidianas descritas pelas autoras pintam clichês que não atiçariam a curiosidade do mais dedicado voyeur.

 

 

foto-cris-e-leilaLeila Ferreira e Cris Guerra

 

Entendo que essa publicação não tem objetivo de obra literária, ainda que suas autoras sejam ambas escritoras. Temos maravilhosos mestres da crônica que abordaram assuntos triviais e conseguiram tornar esses pequenos ensaios verdadeiras obras de arte.  Seria bom se ambas as autoras tivessem se inspirado nesses mestres do cotidiano e desenvolvido uma obra de maior peso.

Não recomendo.

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Ao pé da letra, um grupo de leituras e amizades

28 03 2016

Arie Azene (Israel)Bistrô Café

Arie Azene (Israel, 1934)

Serigrafia, 55 x 90 cm

 

 

Em março de 2016 um grupo de leitura formado por leitores que estavam na lista de espera do Papalivros, cuja página se encontra neste blog, teve seu primeiro encontro. O novo grupo foi fundado, nos mesmos moldes do primeiro.  O nome escolhido pelos participantes que até então não se conheciam foi Ao pé da letra.  Esta é a página do grupo. Nela iremos colocar as escolhas para leitura.  O primeiro título foi escolhido pelo Papalivros.  O segundo com algumas indicações já veio direto dos participantes. O Papalivros se encontra desde 2003 sem interrupções.  Esperamos que o mesmo sucesso aconteça com este grupo.  O que descobrimos: quando se gosta de ler, já se tem muito em comum, mesmo que tenhamos acabado de conhecer alguém.

 

 

2016

1 — Um homem chamado Ove, de Fredrick Backman

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2 — Infiel, de Ayaan Hirsi Ali

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3 — A mulher desiludida, de Simone de Beauvoir

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4 — O romance inacabado de Sofia Stern, de Ronaldo Wrobel

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5 — Dom Quixote, de Cervantes

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6 — A garota de Boston, Anita Diamant

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7 – Imperatriz Orquídea, Anchee Min

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8 – Pequena abelha de Chris Cleave

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9 – A elegância do ouriço de Muriel Barbery

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10 – O último amigo, Tahar Ben Jelloun

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11 – Cavalos roubados, Per Petterson

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12 – O papel de parede amarelo, Charlotte Perkins Gilman

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fernando-botero-the-beachfernando-botero-the-beach-2009A praia, 2009

Fernando Botero (Colômbia, 1932)

óleo sobre tela

 

 

 

2017

1 – As irmãs Makioka, Junichiro Tanizaki

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2 – Kafka e a boneca viajante, Jordi Sierra i Fabra

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3 – O tribunal da quinta-feira, Michel Laub

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4 — NW, Zadie Smith

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5 — Notícia de um sequestro, Gabriel Garcia Marquez

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6 — A história do rei transparente, Rosa Montero

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7 — O pecado de Porto Negro, Norberto Morais

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8 — Os transparentes, Ondjaki

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9 — Os novos moradores, Francisco Azevedo

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10 — Hibisco Roxo, Chimamanda Ngozi Adichie

HIBISCO ROXO

11 – Matéria escura, Blake Crouch

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12 — A vida do livreiro A.J. Fikry, Gabrielle Zevin

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ENOKI Toshiyuki (Japão, 1961)Sem Título, [Jovem lendo]

Toshiyuki Enoki (Japão, 1961)

 

 

 

2018

1– A terra inteira e o céu infinito, Ruth Ozeki

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2 — Bartleby, o escrivão, Herman MelvilleBARTLEBYN_O_ESCRIVAO_149169558921233SK1491695590B

3 — A moça com brinco de pérola, Tracy Chevalier

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4 — O caminho de casa, Yaa Gyasi

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5 — As brasas, Sándor Márai

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6 — Be Rio, Marco Machado

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7 — O homem sem doença, Arnon Grunberg

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8 — Um cavalheiro em Moscou, Amor Towles

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9 —Pequenos incêndios por toda parte, Celeste Ng

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10 — Nosso homem em Havana, Graham Greene

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11 — O sol nasce para todos, Harper Lee

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12 — A verdade sobre o caso de Harry Quebert, Joël Dicker

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13 — Toda luz que não podemos ver, Anthony Doerr

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14 — O leitor do trem das 6h27, Jean-Paul Didierlaurent

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ASSELIN, Maurice(França, 1882-1947)Leitura,1925, ost,61 x 51
Leitura, 1925
 

Maurice Asselin (França, 1882-1947)

óleo sobre tela, 61 x 51cm

 

 

 

2019

1 – Ana Karenina, Leon Tolstoi

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2 — Eu sei por que o pássaro canta na gaiola, Maya Angelou

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3 — Plataforma, Michel Houellebecq

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4 — Entre cabras e ovelhas, Joanna Cannon

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5 — O coração do tártaro, Rosa Montero

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6 — As fúrias invisíveis do coração, John Boyne

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7 — A senhora das savanas, Hilton Marques

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8 — Minha avó pede desculpas, Fredrik Backman

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9 — Dois irmãos, Milton Hatoum

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10 –  Os diários de pedra, Carol Shields

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11 – Quarto de despejo: diário de uma favelada, Carolina Maria de Jesus

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12 — A uruguaia, Pedro Mairal

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2020

1 — 4321, Paul Auster

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2 — Vasto mundo, Maria Valéria Rezende

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3 — O jogo das contas de vidro, Herman Hesse

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4 — Nenhum olhar, José Luís Peixoto

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5 —  Uma dor tão doce, David Nicholls

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6 — Me chame pelo seu nome, André Aciman

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7 — Caçando carneiros, Haruki Murakami

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8 — Um lugar bem longe daqui, Delia Owens

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9 – A caderneta de endereços vermelha, Sofia Lundberg

10 – A casa holandesa, Ann Patchett

11 – Nada ortodoxa, Deborah Feldman

12 — Ninguém precisa acreditar em mim, Juan Pablo Villalobos

 

 

 

 

 

2021

1 – Pachinco, Min Jin Lee

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Arsène Lupin nos Salões cariocas na primeira metade do século XX

8 09 2014

 

1930Cartaz para a opereta em 3 atos, Arsène Lupin, o banqueiro, 1930.

 

Os primeiros anos da minha adolescência, dos 12 aos 14,  foram preenchidos por muitas leituras detetivescas.  Era a leitura mais leve que eu encontrava na biblioteca municipal do meu bairro.  Mesmo não tendo livros muito novos, recém-saídos da editoras, essa biblioteca me ajudou a preencher muitos fins de semana pós praia, muitos dias de férias quer no Rio de Janeiro ou na Serra.  Assim li todos os livros que pude dos mais famosos detetives de Sherlock Holmes, a Hercule Poirot, a Charlie Chan e sem dúvida Arsène Lupin Todos, cada qual a seu modo, foram personagens queridos.  Qual não é a minha surpresa ao ler A vida literária no Brasil, 1900 e descobrir que, por aqui,  Arsène Lupin foi muito popular logo no início do século.  A passagem abaixo, sobre os Salões no Rio de Janeiro de então, dá uma ideia.

 

“Mais mundanos que literários seriam os salões de Sampaio Araújo, na rua Voluntários da Pátria, e o do casal Azeredo, na praia de Botafogo. Não raro via-se ali Caruso ao lado de um poeta estreante; um cronista conversando com figurões da política ou milionários banqueiros, gente da alta finança. Na seção “Cinematógrafo”, de Joe, na Gazeta de Notícias, aparece constantemente o nome de madame Gomensoro, que possuía igualmente um salão, onde procurava oferecer novidades e surpresas aos convivas. Era, às vezes, uma orquestra típica; outras um artista original que ela ia descobrir para dar a nota de sensação da noitada. E muitos escritores consentiam, prazerosamente, em repetir ali as conferências que haviam pronunciado por um vasto auditório a 2$500 (dois mil e quinhentos réis) a cabeça.

Que se conversava, de preferência, em tais ambientes? Antes de tudo, as novidades parisienses, depois o último romance de Anatole France, o fracasso do Chantecler, de Rostand, a peça mais recente de Bataille, etc.

As temporadas francesas tinham grande repercussão nos salões. E quando André Brulé apareceu pela primeira vez no palco do Municipal, encarnando com a mesma desenvoltura o herói de L’enfant de l’amour e o papel de Arsène Lupin, o gentilhomme cambrioleur, conquistou de chofre a simpatia e o culto do alto mundanismo carioca. Nos salões discutia-se o talhe de suas famosas casacas, a elegância insuperável de seus gestos e a dicção macia com que procurava cinzelar as palavras. Lá esteve Brulé, uma noite, no palacete da sra. Santos Lobo, a ouvir a leitura de Roberto Gomes, Berenice, feita pelo próprio autor, na versão francesa.”

 

Em: A vida literária no Brasil 1900, Brito Broca, Rio de Janeiro, José Olympio:2005, 5ª edição, pp: 61-62

 

NOTA: A pedidos de leitores, procurei colocar todos os links sobre escritores, personagens e locais, para facilitar a expansão do conhecimento e dar peso à leitura. Mas é extremamente trabalhoso, para cada nome colocar o link necessário. Vou tentar continuar a prática, mas confesso que meu tempo é escasso. A pesquisa na internet é rápida. Se o leitor estiver realmente interessado, um breve digitar deve trazer a informação necessária.  Entendo que a GRANDE  maioria dos meus leitores — professores — está no interior do Brasil e muitos não têm o acesso fácil e rápido à internet de que desfruto. Mas nem sempre poderei prover estes links.  Minhas desculpas.





História contada ou romance histórico? Café Amargo de José Carlos Tórtima

5 02 2013

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Sentados à mesa, s/d

Sílvia Reali Servadei (Brasil, 1949)

óleo sobre tela, 26 x 30 cm

Geralmente quando dou três estrelas a um romance, não escrevo uma resenha  sobre ele.  Três estrelas de cinco, significa médio: é o caso do meio cheio, meio vazio, ou seja,  vai depender do leitor.  Esta leitora pode não ter visto o que outros verão.  Em geral, eu me abstenho da resenha, por não querer melindrar e por achar que talvez a falta de empatia com o autor da narrativa seja só minha.

Mas o livro Café Amargo, de José Carlos Tórtima sugeriu tantas questões a respeito do que é um romance histórico, que gostaria de reabrir um debate iniciado há dois anos, no blog, sobre literatura que tem embutida um objetivo, uma mensagem de cunho político, religioso, ou outro, em oposição à que se apresenta sobretudo como uma boa história.  Poucos são os escritores que conseguem fazer com a primeira um bom produto.  A intenção da mensagem acaba comprometendo o resultado.  Isso me leva a considerar a diferença entre o contador de causos e o romancista. Há escritores como José Carlos Tórtima que são excelentes contadores de causos.  Eles têm a habilidade de fazer um apanhado das etapas relevantes de um acontecimento histórico ou anedótico e engatá-las numa corrente que nos mostra como uma época ou um evento se desenrolou.  É nessa categoria que vejo a maior parte dos escritores de romances históricos brasileiros.

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No caso específico de Café Amargo o romance pertence à primeira categoria, à narrativa de causos com um objetivo: mostrar como se vivia na época da ditadura de Getúlio Vargas; revelar, para quem ainda não conhecia, os meios de ação da polícia de Filinto Müller;  lembrar como a política era personalizada e trazer à baila a conhecida obsessão de Vargas pela vedete Virginia Lane [aqui dignamente escondida sob pseudônimo].  Ficam claras, ao longo da história, as conseqüências colhidas por aqueles que contrariavam os desejos do ditador.  É uma época riquíssima de mandos e desmandos, um período complexo da história brasileira, com muitos causos para serem contados e tecidos em romance.  Pouco explorada pelos escritores, talvez porque nem todos queiram relembrar ou trazer à tona os desmandos dessa ditadura este parece ser o momento perfeito para se  retirar os véus de um regime que é visto até hoje com dubiedade,  por se apresentar também como “protetor do trabalhador”.  Essa “boa-vontade” brasileira com o poder autoritário encontra abrigo no silêncio de escritores e intelectuais que frequentemente simpatizam com a militância de esquerda, que insiste em fechar os olhos aos desmandos da era Vargas.

Sou grande apreciadora de romances históricos, de época. São um meio maravilhoso de nos apossarmos da pesquisa dos outros, de absorvê-la e com ela colorir os nossos conhecimentos de história.  Vemos o passado pelos olhos do escritor que o estudou, que se dedicou a levantar dados. E nos enriquecemos.  O que vejo em Café Amargo e, deixe-me deixar claro em muitos romances históricos brasileiros, é uma maneira de ver os eventos e personagens da História como centro da narrativa.  Como se os eventos por si só bastassem, fossem de interesse. O resultado prejudica  o desenvolvimento de uma trama mais densa, de maior peso.  Essa atenção ao evento histórico simplifica  os personagens, tornando-os tão leves quanto papel. Mesmo nesse romance, onde abundam detalhes periféricos, detalhes precisos, endereços, números de linhas de transportes públicos,  esquinas do centro da cidade, até novelas de rádio mais populares, o ambiente criado não é suficiente para dar densidade, força ao romance.  Esses detalhes não criam um ambiente que os personagens habitem com credibilidade, que ajam com suas características únicas. Falta-lhes tridimensionalidade, emoções que nos seduzam.  A leitura é fria. Não me importei com o que iria acontecer, mas segui em frente, porque a prosa é boa, flui.  Mas não cativa.  Era como ouvir uma história num fim de tarde, o que aconteceu com meu amigo na rua, no ônibus.  O relato de um evento.  Faltaram tramas, subtramas, intrigas, emoções escondidas e outra desvendadas pelas ações dos personagens.  Faltou conspiração. Onde estão os personagens feitos de carne e osso, com defeitos e qualidades, com emoções e desconexões?  Faltou vida.

jose-carlos-tortimaJosé Carlos Tórtima

Não quero desencorajar o escritor.  Muito pelo contrário.  Gostaria de ver o romance histórico no Brasil mais comum e mais sofisticado.  A leitura de romances históricos de outras terras nos dá algumas dicas.  Criar um personagem menor que testemunhe os eventos é uma das soluções encontradas por Bernard Cornwell, por exemplo com Richard Sharp,soldado inglês  nas  guerras napoleônicas.  Philippa Gregory no livro  Earthly Joys * (não traduzido) concentra sua atenção num personagem histórico de menor importância, um jardineiro, John Tradescant,  viajante, um homem comum, com quem os leitores conseguem se identificar, que agindo dentro da sua limitada esfera de influência, nos oferece  uma rica visão da Inglaterra do século XVII.  Arnau Estanyol  também é um personagem fictício que nos ensina sobre a dura realidade da vida em Barcelona da Idade Média, na época da construção da Catedral do Mar. Ele foi criado por Ildefonso Falcones, que assim como José Carlos Tórtima deixou a vida de advogado para a de romancista.  Existem inúmeros exemplos de densidade de trama em romances históricos, onde personagens fictícios conseguem nos seduzir e nos fazer entender os porquês de certos acontecimentos.   Acredito que José Carlos Tórtima, com sua extensa experiência de advogado criminalista, esteja corretíssimo nos detalhes de tudo que relata no romance.  E isso já é mais do que meio caminho andado.   Agora, gostaria de vê-lo desenvolver o que aprendeu nas cortes brasileiras sobre as vicissitudes humanas e explorar essas emoções para nos presentear com um ou mais romances históricos do calibre que merecemos ter.

* Agradeço à leitora Tereza pela sugestão de que o título dessa publicação havia sido traduzido como Terra Virgem. Mas Terra Virgem é a tradução de Wide Acre, e não de Earthly Joys.




Fotos: Teatro Municipal em 15/01/2012 e a mesma foto com prédios que caíram em destaque

26 01 2012

Teatro Municipal, Rio de Janeiro,  foto do dia 15 de janeiro de 2012.

Teatro Municipal, Rio de Janeiro, marcação de dois edifícios que cairam ontem, 25/01/2012.

Dia 15 de janeiro estive na Cinelândia.  Estava a caminho da exposição de Vasari, na Biblioteca Nacional.  Foi o primeiro dia de sol em uma sequência de dias chuvosos e o carioca foi em peso para a praia.  A Cinelândia estava vazia.  Aproveitei para tirar uma foto do Municipal porque os dourados brilhavam muito.  Infelizmente este senhor entrou na frente da câmera para jogar o lixo fora, e o ônibus parou em frente do teatro.  Descartei a foto, mas coloquei-a no Flickr, porque assim mesmo dava para mostrar a beleza do teatro restaurado.  Hoje, regatei-a do Flickr e fiz essas mudanças com o Paint, para mostrar aos meus leitores, exatamente o local dos edifícios que caíram.  Os dois maiores só são vistos.  O terceiro prédio de 4 andares não é visto nessa foto.

O primeiro a cair foi o prédio em vermelho.  Seus escombros cairam por cima do prédio que colori de amarelo e o derrubaram.

Uma data muito triste para o Rio de Janeiro.